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Campanha propõe debate sobre a inclusão de pessoas com deficiência auditiva

Segundo dados do IBGE, apenas 1,8% das pessoas com alguma deficiência auditiva sabem se comunicar em Libras

Por Redação 09/09/2022 17h05
Campanha propõe debate sobre a inclusão de pessoas com deficiência auditiva

A acessibilidade para pessoas com deficiência auditiva é o tema da campanha de conscientização Setembro Azul, que dissemina informações sobre a importância da mobilização nacional a favor das escolas bilíngues. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgados em 2019, apenas 1,8% das pessoas com alguma dificuldade de ouvir sabem se comunicar através da Língua Brasileira de Sinais (Libras).

Ainda segundo o IBGE, num universo de mais de 10 milhões de pessoas surdas no Brasil, entre aqueles que possuem perda auditiva moderadamente severa a severa, 3% afirmam saber Libras e já aqueles que não ouvem de modo algum, 35,8% conhecem a Língua Brasileira de Sinais. Quando a pesquisa considera apenas a população com mais de 5 anos com deficiência auditiva, da grande dificuldade de ouvir ao não conseguir ouvir, foi concluído que 22,4% sabem Libras.

O estudante de Ciências Contábeis, Henrique Morais, 20, possui grau de surdez moderada a severa desde a gestação de sua mãe. Ele conta que durante a infância, chegou a passar por dificuldades de adaptação na escola, mas que através do apoio da família e da Associação dos Deficientes Físicos de Alagoas (ADEFAL), conseguiu superar os desafios.

“O mês da conscientização sobre a visibilidade da comunidade surda brasileira é fundamental para a celebração das conquistas da comunidade, e, principalmente, para buscar uma sociedade mais inclusiva. Na Unit/AL, onde curso ensino superior, possuo grande apoio e ajuda, que foram essenciais para o meu desenvolvimento e habilidade nas atividades pedagógicas”, afirma.

Segundo Verônica Wolff, psicopedagoga e coordenadora do Núcleo de Apoio Pedagógico e Psicossocial (NAPPS) do Centro Universitário Tiradentes (Unit/AL), a importância da educação na vida de todos e, sobretudo, na vida de pessoas com alguma deficiência, contribui para que a realidade desses indivíduos seja transformada e para que eles próprios contribuam com a transformação da sociedade.

“A acessibilidade é o conjunto de possibilidades para que todas as pessoas possam utilizar espaços com autonomia e segurança. As instituições de ensino devem oferecer educação de qualidade para qualquer aluno com deficiência, proporcionando uma interação deles nos espaços educacionais. Estima-se que 72% dos estudantes com deficiência estão em instituições privadas de educação superior, o que demonstra a importância dessas universidades em adotar medidas que promovam acessibilidade”, enfatiza.

A psicopedagoga ainda conta que o Napps proporciona acompanhamento pedagógico, psicológico e social para auxiliar na inclusão e aprendizagem dos estudantes.

“Nós atuamos com uma equipe multidisciplinar, que tem um papel indispensável nessa inclusão, tendo intérpretes de Libras, ledor, transcritor, brasilistas e audiodescritoras. Essa equipe possibilita a autonomia, desenvolvimento, interação e socialização dos alunos com as mais diversas necessidades dentro da comunidade acadêmica”, ressalta.

Além da campanha Setembro Azul, neste mês outras datas de conscientização sobre a vivência de deficientes auditivos são celebradas. São elas o Dia Internacional da Linguagem de Sinais, comemorado em 23 de setembro, e o Dia Nacional do Surdo, comemorado em 26 de setembro. Ambas as datas visam propor reflexão, debate e ações para garantir a inclusão das pessoas com deficiência auditiva.