A decisão de embarcar na viagem nasceu do desejo de ultrapassar fronteiras e explorar novas formas de praticar o jornalismo.

“Eu sempre quis ter essa experiência de trabalho internacional. Sempre quis trabalhar como jornalista fora do país, conhecer a rotina da redação, saber como eles lidam com o jornalismo”, comenta.

Em seu novo ambiente de trabalho, ela explica o ritmo intenso da redação: “A gente faz tudo em torno do Papa. Transcrevemos e traduzimos os discursos dele, procurando pautas que tenham relevância mundial. Então, a gente refina muito mais o jornalismo”.

A oportunidade veio após inscrição realizada em setembro.

“Eu não achei que seria chamada, pois não faço um jornalismo religioso, um jornalismo católico… mas recebi a notícia no dia 3 de outubro para começar a trabalhar no dia 21”, relata, mencionando a mistura de emoções e desafios que surgiram no momento.

Trabalhar no “maior centro católico do mundo” foi uma experiência muito nova para a jornalista, que precisou viver uma realidade totalmente nova.

Entre os maiores desafios que Rafaella menciona estão o idioma e a própria temática da religião.

“Eu cheguei achando que não ia conhecer nenhum jovem, que todo mundo seria extremamente católico e conservador. E me surpreendi muito, porque as pessoas com quem trabalho são ‘gente como a gente’”, diz, desconstruindo alguns estereótipos que tinha antes de chegar ao Vaticano.

Mesmo longe, ela leva as tradições e crenças do povo nordestino e principalmente alagoano, trazendo essas histórias para o público internacional. Em pautas que mostram a fé e a cultura de Alagoas ela buscou compartilhar sobre o Santuário da Virgem dos Pobres e a Casa de Ranquines, um abrigo para pessoas em situação de vulnerabilidade em Maceió.

“Eu não podia ser a primeira jornalista de Alagoas no Vaticano sem falar de Alagoas… foi onde me tornei jornalista”, afirma Rafaella, que tem publicado matérias sobre esses temas no VaticanNews .

Confira os artigos sobre: Santuário da Virgem dos Pobres e sobre o Palácio dos Pobres.

Para ela, a experiência no Vaticano representa um marco na sua carreira e para o jornalismo de Alagoas.

“Dentro do nosso estado, a comunicação acaba sendo muito limitada, e poucos têm a oportunidade de se destacar”, avalia a jornalista. Ela vê nessa experiência uma forma de expandir sua visão de mundo e de fortalecer seu compromisso com a profissão.

“Literalmente, quem tem boca vai a Roma”, brinca. “A experiência aqui me traz uma visão de mundo muito mais relevante, e acho muito importante expandirmos, seja com cursos, estágios ou oportunidades de trabalho fora do país, sempre respeitando a nossa essência jornalística”.

O amor pelo jornalismo também ganha novas dimensões nesse contexto. Rafaella descreve a satisfação que sente ao contar histórias de pessoas e culturas diversas. Ela recorda com emoção a oportunidade de participar de uma reunião do dicastério de comunicação convocada pelo próprio Papa Francisco.

Foi uma bênção estar aqui nesse momento e ouvir as palavras do Papa sobre uma comunicação de paz, pelos direitos. Você chegar ao ponto de estar cara a cara com uma das maiores personalidades do mundo e perceber que foi o jornalismo, minha profissão, que me trouxe até aqui. Isso é muito especial”, conclui Rafaela