As palavras de Adriana Lomar
Caçula de tradicional família alagoana, nascida no Rio de Janeiro, Adriana Vieira agregou o sobrenome Lomar quando se casou, e mesmo carioca, sua origem e raízes seguem latentes. Tanto é verdade que, sempre que pode, recarrega a energia e a inspiração em terras Caetés. Como no recente final de ano, quando a encontrei e consegui gravar entrevista com ela, numa barraca na orla da Jatiúca. Acariciada pela Atlântica brisa, Adriana abriu o coração com o movimento de seus cabelos ao vento.
Aos nove anos, começou a escrever numa instintiva iniciativa, e esta atividade foi se tornando cada vez mais frequente, ativa e prazerosa. Quando percebeu, a escrita já fazia parte de sua essência. “Era mais forte do que eu. Era fundamental, como tomar banho, estudar, comer. Eu já pertencia a literatura e ela a mim”, assumiu e confessou: “Para sobreviver, prestei concurso público e hoje, exerço o cargo de analista judiciária. Consigo conciliar horários e escrever todos os dias, porque acordo muito cedo. Para isso acontecer, preciso ter regra. Logo após o café da manhã, manhãzinha, faço meus exercícios, inclusive a corrida. Enquanto corro, consigo delinear personagens e muitas vezes volto da corrida com enredos, frases soltas, sensações... Assim que chego em casa, tento transcrever aquilo que minha mente acabara de escrever em pensamento. Meu trabalho literário é diário, nem que escreva somente um parágrafo. Transformar pensamentos, sentimentos, sensações e opiniões em literatura dá trabalho, muito trabalho. Quando o assunto é romance, redobro os cuidados para não perder o fio da meada”, continua Adriana, que, se deixa de escrever um dia que seja, tem de voltar ao início com redobrada atenção, garantindo coerência do que já havia escrito.
“O grande barato da literatura é escrever sério como se estivesse brincando. Verdade seja dita, é delicioso brincar, mas a reescrita é fundamental para bordar as linhas do texto com menos imperfeição. O resultado costuma ser bom. É tão interessante quando você consegue desnudar-se sem medo do que o outro vai pensar. Quanto mais viceral e autêntico, melhor fica o texto”, afirmou.
Adriana publicou três livros, o primeiro de poesia chamado “Carpintaria de sonhos”, com prefácio do crítico literário Ivo Barroso que reconheceu na escrita poética da autora algo novo e autêntico, sem influência de nenhum escritor antigo ou moderno. O livro foi publicado numa edição independente, literalmente autoral, ela por ela.
Passados alguns anos, em 2020, a autora publica pela editora Patuá, o romance “Aldeia dos Mortos". Em fins de 2021, a editora Penalux edita o livro de contos “Ambiguidades”.
Assim, inicio o segundo mês de 2022 sugerindo o trabalho da escritora Adriana Vieira Lomar como dica de boa leitura. Ela que é surpreendente, ousada, inédita, como em Ambiguidades, que reúne 29 contos, curtos e cheios de sensações, emoções, sentimentos e surpresas. No conto ‘Desmiolada’, uma faca é o fio condutor, é quem narra. Mereceu destaque inclusive, no bate papo sobre livros da grande Ninfa Parreiras, no seu “O carteiro entregou aqui em casa 64”. Ninfa se encantou inicialmente pelo título, antes mesmo de ler os contos.
Martha Medeiros (@realmarthamedeiros) não economizou ao recomendar “os ótimos contos de Adriana Vieira Lomar em Ambiguidades”, em sua página no Instagram, agora, no último dia de janeiro, quando indica “os livros que li, e esse janeiro rendeu”, atestou a badalada escritora. Ambiguidades e seus 29 contos ganhou resenha na página da Editora Penalux https://www.facebook.com .
A originalidade de Aldeia dos Mortos começa pelo protagonista: um feto “que percebe tudo o que se passa fora da barriga da mãe”, segundo prefácio do escritor Elias Fajardo. ‘Aldeia’ também se destacou na edição de novembro de 2021 no https://jornalrelevo.com/11.
Boa leitura!
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