Os povos originários e a lembrança do exemplo de Noel Nutels
Noel Nutels - assim como Cândido Rondon e os Irmãos Vilas Boas - não pode ser esquecido. Especialmente numa quadra de tempo em que o Brasil (do bem) se choca com a tentativa de genocídio contra o povo Yanomami.
Nascido no ano de 1913, em Ananiev, Odessa – na época Império Russo, e hoje cenário ucraniano que a Rússia quer recuperar –, Noel veio para o Brasil logo depois da I Guerra Mundial, juntamente com a família que buscava uma região onde judeus pudessem correr menos riscos. Os Nutels desembarcaram em Recife e, em seguida, se mudaram para a cidade alagoana de São José da Laje, onde montaram uma mercearia.
Menino lajense, Noel é descrito, em ficção, no romance “A Majestade do Xingu”, do grande Moacyr Scliar. Formou-se em Medicina no Recife e depois de uma passagem por Botucatu, embrenhou-se pelos sertões pela vereda da Expedição Roncador-Xingu. E até morrer cuidou da saúde dos povos originários.
Em 1931, Nutels engajou-se no Serviço de Proteção ao Índio (SPI) e em 1957 criou o Serviço de Unidades Sanitárias Aéreas. Em 1963 foi nomeado para dirigir e reestruturar o SPI (o órgão apresentava desvios de sua missão), mas o golpe militar em 1964 não permitiu a reorganização em bases humanistas, demitiu Noel Nutels e ocupou a instituição com militares golpistas.
Noel Nutels morreu em 1973, mas seu exemplo de dedicação e parceria com os povos originários serve como exemplo até hoje. É referência de medicina humanizada e respeitadora das particularidades das populações nativas.
Há alguns dias, quando foram divulgadas imagens de helicópteros militares levando alimentação para os yanomamis, militantes bolsonaristas postaram agressões e críticas à FAB pela iniciativa, em mais uma prova do quão sebosa é a alma bolsonariana. As aeronaves, além de cumprirem uma missão honrosa e digna, fizeram recordar a grande iniciativa de Noel Nutels, o Serviço de Unidades Sanitárias Aéreas – corporação cada vez mais indispensável para se acessar as tribos dispersas na imensidão amazônica.
A defesa da Amazônia brasileira exige atuação ainda mais intensa das Forças Armadas. Não só na reestruturação dos serviços médicos aéreos, mas – principalmente – em parceria com a Polícia Federal, no combate direto ao tráfico, ao garimpo ilegal, aos madeireiros ilegais. Os quatro anos de desgoverno federal bolsonarista fizeram um estrago homérico nessa área e isso precisa ser compensado imediatamente.
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