Tic Tac Tic Tac / Por Enio Lins

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15 de março: em 1985 um civil assume a presidência depois de 21 anos de ditadura militar

Por Enio Lins 15/03/2023 08h08
15 de março: em 1985 um civil assume a presidência depois de 21 anos de ditadura militar

15 de março de 1985 – Posse de José Sarney como presidente da República, o primeiro civil depois de 21 anos de ditadura militar, período de trevas em que cinco generais se revezaram no Palácio do Planalto.

Cinco sem contar com o mandato-tampão da junta militar que deu um golpe dentro do golpe para impedir a posse do vice-presidente Pedro Aleixo, em agosto de 1969, quando um AVC tirou o general Costa e Silva da presidência.

Posse sob tensão, pois Sarney era vice-presidente. Tancredo Neves, o presidente, fora internado no dia anterior, e havia dúvidas jurídicas sobre quem deveria assumir o posto, se o vice ou o presidente da Câmara dos Deputados.

A tensão decorria do fato de que uma parte dos militares não aceitava o fim da ditadura. Além de menosprezarem o posto de vice, buscavam qualquer brecha para mais um golpe. E a não-posse da chapa escolhida pelo Colégio Eleitoral em 15 de janeiro de 1985, seria uma possibilidade de desculpa para uma nova quartelada.

Nesse quadro explosivo, foi decisiva a posição do general Leônidas Pires Gonçalves, escolhido por Tancredo Neves para o posto de Ministro do Exército, ao se pronunciar internamente pela posse de Sarney. A tese foi apoiada por Ulisses Guimarães, então presidente da Câmara dos Deputados, e essa questão estratégica resolvida horas antes da solenidade.

A posse de José Sarney sacramentou a legitimidade da escolha no colégio eleitoral, impedindo o questionamento da chapa pelos militares (e civis) defensores da continuidade do regime autoritário. Tancredo Neves não sairia mais do hospital, onde morreu no dia 21 de abril de 1985, mas a continuidade do processo democrático estava assegurada.

Em 1986, o presidente Sarney e o ministro do Exército, General Leônidas, seriam alvos de uma tentativa de quebra de hierarquia militar, com uma “greve” organizada por um capitão carioca, que, depois de preso, negou o que tinha dito e, julgado, pediu para sair das forças armadas. O resto, nesse item particular, vocês sabem no que deu.