Dou-lhe uma, dou-lhe duas... eram uma vez bilhões
Quem não é do ramo tende a cair nas teias do tédio quando em contato com o noticiário econômico. Exceção feita às novidades picantes (inflação, sucessos ou falências surpreendentes etc.), o sono impregna as linhas sobre balanços e quetais.
Assim, a manchete “Oferta da Unipar pela Braskem tem o apoio de bancos credores” só chama a atenção de quem tem negócios com uma ou outra empresa – e Alagoas tem tudo a ver com isso, pois uma das unidades da Braskem afunda (literalmente) parte de Maceió.
Essa notícia foi divulgada, em círculos de profissionais do tal mercado, com exclusividade pelo site Bloomberg Línea, sábado passado (10 de março), e considerado como “fato relevante”. A Unipar Carbocloro é uma gigante no setor de cloro, soda e derivados.
Por sua vez, o conceituado Luís Nassif, mais experiente jornalista econômico brasileiro, comentou, na segunda-feira que “com a Braskem à venda, o grupo Ultra é o candidato favorito” e relembra o histórico de disputa na área com o grupo Odebrecht.
“Ultra e Unipar são a mesma coisa?” – pode o leitorado leigo perguntar – “Seriam dois grupos engalfinhados pelo controle de um terceiro?” ... Coisas do mundo dos negócios, estranhas para quem não é do pedaço. Mas a Wikipédia está disponível para essas dúvidas.
Vamos ao sumo dessas notícias: avançam as negociações para a compra da Braskem, derradeira joia da coroa dilapidada da Odebrecht, e essa mudança de propriedade vai interferir nas negociações em curso sobre as responsabilidades da empresa em Maceió.
Muitas questões seguem em aberto sobre o afundamento das áreas de mineração da Braskem na capital alagoana. As vidas das famílias que habitavam essa região foram drasticamente alteradas e a sobrevida do perímetro hoje desabitado é uma incógnita.
Urge às pessoas e às entidades representativas, ao MP, ao governo estadual e à prefeitura municipal atenção redobrada para essas movimentações acionárias. Para uma batida de martelo na bolsa de valores bastam alguns segundos – e tudo pode mudar, inclusive nada.
HOJE NA HISTÓRIA
“Los feroces carapintadas” argentinos: humilhados e rendidos pelos britânicos14 de junho de 1982 – As forças armadas argentinas se rendem para as tropas britânicas encerrando a Guerra das Malvinas, conflito iniciado em 2 de abril do mesmo ano, por iniciativa da ditadura militar argentina que, com esse gesto, tentava se fortalecer politicamente.
“Las Malvinas son argentinas” era a palavra de ordem, frase que – historicamente falando – tem lá sua razão. O arquipélago meio inóspito na extremidade austral da América do Sul está muito mais perto de Buenos Ayres que de Londres – que chama aquele magote de ilhas de Falklands. Mas a ditatura militar argentina, terrorista, implantada em 1976, buscava apenas uma causa para disfarçar seus crimes.
Mas deu errado para os milcos argentinos, viciados no terrorismo que praticavam contra a população de seu próprio país: não tiveram como fazer frente a uma guerra de verdade. E o mais vergonhoso foi que os soldados de elite, tido como “los feroces carapintadas” foram os primeiros a capitular, acovardados, aos prantos, quando as tropas britânicas desembarcaram nas ilhas em disputa. Nos combates à distância, o teste de armas produziu no lado argentino 649 militares mortos, 1.657 feridos e 11.313 presos; e no lado britânico, 255 militares e três civis mortos, 775 feridos e 115 presos.
Para o povo argentino essa derrota foi uma vitória, pois a ditadura militar, desmoralizada, pediu o boné e devolveu o poder aos civis. E na Inglaterra, a direita se fortaleceu com um enorme aumento de prestígio popular para a “dama de ferro”, a primeira-ministra Margaret Thatcher, que venceu de goleada as eleições britânicas de 1983.
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