Wadson Regis

* Este texto não reflete necessariamente a opinião do Em Tempo Notícias

Guerra das indústrias provoca crise humanitária em Alagoas

Por Wadson Regis, do site AL1 13/11/2023 11h11
Guerra das indústrias provoca crise humanitária em Alagoas



A estiagem no Sertão e boa parte do Agreste não castiga apenas o solo, como também minimiza que o povo pobre tenha água para beber e que pequenos agricultores produzam alimentos. A falta de água é uma questão humanitária.
Nos poucos dias que chove acima da média no Vale do Paraíba, Zona da Mata, Região Norte e até no Sertão de Alagoas há enchentes, que matam vidas de humanos e animais, acabam comércios e dizimam sonhos. A água que cai do céu e que deveria ser aproveitada em Alagoas, mas causa tragédias pela inércia política, é uma questão humanitária.
Alagoas sofre, há muitas décadas, com uma guerra que foi silenciada. De maneira covarde fomos jogados ao fundo do poço, mas o fundo do poço é o melhor lugar para recomeçarmos.
Veja quantos anos Alagoas amanheceu com o pior Índice de Desenvolvimento Humano do país.
Procure se inteirar de quantos anos Alagoas foi o Estado com mais analfabetos do país.
É fundamental saber que durante todo esse tempo de retrocesso Alagoas sempre teve líderes poderosos em Brasília. Muito poder, muita articulação e briga política e muitos escândalos.
Chegou o tempo da virada. O Estado vive um novo momento e quando as oportunidades aparecem é fundamental que as pessoas deem sua parcela de contribuição. Há um movimento poderoso para evitar que as 8 barragens sejam construídas em Alagoas. Sem as barragens também não haverá a construção dos grandes reservatórios de água.
A seca e as seguidas enchentes em Alagoas devem ser compreendidas como a principal questão humanitária de Alagoas.
Sede+fome+destruição+mortes = não há nada mais forte e preocupante que esses indicadores.
O Canal do Sertão alagoano consiste na maior e mais moderna obra de infraestrutura hídrica do estado, cujo projeto foi lançado pelo governador Geraldo Bulhões em 1992. São 31 anos de espera.
1914, data da 1ª enchente na Zona da Mata: são 109 anos sem que ninguém faça absolutamente nada. Houve mais enchentes em 1941, 1969, 1988, 1989, 2010, 2022 e 2023. Também há seguidas enchentes em cidades da região Norte e no Sertão. São 109 anos de espera por qualquer socorro eficiente. Gasta-se bilhões para que novas destruições aconteçam e que mais bilhões cheguem para que novas tragédias destruam vidas e sonhos.
Quem não perceber que as indústrias da seca e das enchentes são a principal crise humanitária de Alagoas não tem dignidade para representar este rico (mas transformado em miserável) estado.
Em tempo: Crise humanitária é quando existe uma situação de emergência generalizada, que afeta uma comunidade inteira ou um grupo de pessoas de uma região específica, devido aos altos índices de mortalidade e desnutrição, contágio de doenças ou epidemias e emergências sanitárias.