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A nova fronteira do marketing: inclusão e diversidade

Além de uma questão moral e ética, o marketing inclusivo se tornou um imperativo de negócios, que demonstra relevância e sensibilidade às mudanças culturais e sociais.

Por Patricia Artoni* 22/02/2024 16h04
A nova fronteira do marketing: inclusão e diversidade

Nos últimos anos, temos sido espectadores de uma mudança marcante na maneira como indivíduos e empresas encaram o marketing e a publicidade. A inclusão e a quebra de estereótipos têm se tornado temas cada vez mais presentes tanto no discurso quanto nas práticas empresariais. O que outrora era rotulado como marketing “multicultural” ou “étnico” agora ganha nova roupagem sob o nome de marketing inclusivo, uma estratégia que busca engajar e alcançar indivíduos de todos os contextos e grupos demográficos.

A definição de marketing inclusivo pelo The Diversity Movement do American Marketing Association (AMA) lança luz sobre esse conceito: trata-se de uma abordagem que desafia os pressupostos tradicionais sobre consumidores e busca aumentar a representação de pessoas diversas. Mais do que apenas segmentar o mercado com base em características étnicas ou culturais, essa definição reconhece a importância de contar histórias autênticas que reflitam a verdadeira diversidade de nossa sociedade.

Os objetivos centrais do marketing inclusivo são variados: refletir a diversidade presente em todas as comunidades, dar voz às histórias daqueles que muitas vezes são negligenciados e confrontar os preconceitos culturais enraizados em narrativas sociais padronizadas. Isso significa que o marketing inclusivo vai além de simplesmente lidar com números ou estatísticas demográficas; trata-se de reconhecer a humanidade em sua totalidade e celebrar as experiências únicas de cada indivíduo.

No contexto brasileiro, diversos grupos têm sido historicamente sub-representados em várias esferas, incluindo o marketing e a publicidade. Afrodescendentes, indígenas, membros da comunidade LGBTQIA+, pessoas com deficiência, pessoas de baixa renda e idosos são apenas alguns exemplos desses grupos que enfrentam essa realidade. Algumas marcas tem se destacado com ações nesse sentido: Nubank, Natura, Boticário, Coca-Cola, Amstel, entre outras. A lista é grade, felizmente.

Além de ser uma questão moral e ética, o marketing inclusivo também se tornou um imperativo de negócios. As organizações que conseguem ouvir e responder de forma genuína às necessidades e aspirações dos diversos grupos de consumidores têm uma vantagem competitiva significativa. Elas não apenas conquistam a lealdade dos clientes existentes, mas também abrem portas para novos mercados que anteriormente eram negligenciados.

No entanto, é crucial compreender que o marketing inclusivo vai além de simplesmente aumentar a representação. Não se trata apenas de fazer o que é certo; é uma estratégia inteligente para o sucesso a longo prazo. Empresas que adotam o marketing inclusivo não apenas causam um impacto social positivo, mas também demonstram sua relevância e sensibilidade às mudanças culturais e sociais em curso.

Ao reconhecer e celebrar a diversidade em todas as suas formas, as empresas não apenas fortalecem suas marcas, mas também contribuem para a construção de um mundo mais inclusivo e equitativo.

*Patricia Artoni é professora da FIA Business School