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Mercado de trabalho segue desafiador para as mulheres com filhos

Por Taís Rocha de Souza* 04/08/2024 10h10
Mercado de trabalho segue desafiador para as mulheres com filhos
Foto: Reprodução Internet

Vivemos em uma época de grande valorização da diversidade, mas, apesar dos avanços, a igualdade de gênero no mercado de trabalho continua sendo um desafio, especialmente quando se trata da contratação, retenção e promoção de mulheres com filhos.

De acordo com um levantamento do Banco Mundial, apenas 50% das mulheres em idade ativa estão empregadas, enquanto 80% dos homens têm trabalho. Um dos principais motivos apontados para essa disparidade é a maternidade.

Taís Rocha de Souza é psicóloga, especialista em Diversidade.

Já outro estudo, realizado pela London School of Economics and Political Science (LSE) em parceria com a Universidade Princeton, analisou a situação de trabalhadores em 134 países, com e sem filhos, e com perfis profissionais semelhantes. A pesquisa constatou que a maternidade é um ponto crucial na trajetória profissional das mulheres: 24% delas deixam o emprego no primeiro ano de vida do bebê e 15% permanecem afastadas após uma década. No Brasil, a situação é ainda mais preocupante, com 42% das novas mães deixando seus empregos ao dar à luz e 35% em até dez anos após o nascimento dos filhos.

Para superar o desafio que é o desenvolvimento de carreira para as profissionais com filhos, a área de Recursos Humanos tem um papel fundamental, pois responde pela promoção e implantação de uma cultura organizacional que valorize e apoie a maternidade e a paternidade, proporcionando equilíbrio entre trabalho e vida pessoal, e evitando estigmas ou preconceitos em relação aos pais e mães no local de trabalho.

Sabemos que um dos principais obstáculos que impede a valorização das mulheres na sociedade e a ascensão em suas carreiras é o machismo estrutural, que perpetua estereótipos de gênero como a ideia de que as mulheres são as principais cuidadoras dos filhos e, portanto, menos comprometidas com suas carreiras.

É exatamente esse tipo de pensamento ou viés inconsciente que resulta em preconceitos contra as mães no ambiente profissional, supondo que elas não estão disponíveis para viagens de negócios, para a realização de horas extras ou para assumir cargos de liderança devido às responsabilidades familiares. O machismo estrutural também impacta fortemente a tomada de decisões relacionadas a promoções e equiparação salarial, perpetuando as disparidades de gênero nas empresas.

Nesse cenário, a falta de políticas de apoio, como licença parental remunerada, trabalho flexível e creches acessíveis, é apenas um dos entraves na ascensão das profissionais com filhos. O RH deve ajudar a combater esses preconceitos e promover uma cultura organizacional mais igualitária e inclusiva, que contemple a flexibilidade no trabalho e o apoio para cuidados infantis – essenciais para que as mães sejam capazes de equilibrar suas responsabilidades familiares com o trabalho.

Além disso, é fundamental oferecer programas de mentoria, educando os colaboradores sobre as necessidades e desafios enfrentados pelos pais e mães, promovendo uma cultura de empatia e apoio. É fundamental que os gestores estejam abertos a essas necessidades, reconhecendo que a flexibilidade pode, inclusive, levar a um aumento da produtividade e da satisfação no trabalho.

Em resumo, é necessário um esforço conjunto das empresas, da área de Recursos Humanos e da sociedade como um todo para garantir que as mães tenham as mesmas oportunidades e condições de trabalho que os demais profissionais. Afinal, a maternidade não deve ser um obstáculo, mas sim uma parte natural e valorizada da vida das mulheres.

Como especialista em Diversidade, recomendo algumas iniciativas que podem contribuir para que as empresas sejam mais inclusivas e criem um ambiente de trabalho onde as mulheres profissionais vão querer estar.

Oferecer licença parental remunerada e flexível para mães e pais.
Dar suporte à transição de volta ao trabalho com programas de apoio, horários flexíveis e possibilidade de home office.
Fornecer benefícios como creches no local de trabalho ou subsídios para creches.
Promover uma cultura que valorize o equilíbrio entre trabalho e vida pessoal, incluindo flexibilidade nos horários.
Investir no desenvolvimento profissional das mães, oferecendo treinamentoss, mentoria e oportunidades de avanço.
Facilitar redes de apoio entre mães no ambiente profissional.
Reconhecer e celebrar as conquistas das profissionais que têm filhos.
Oferecer flexibilidade na gestão de tarefas e prazos para acomodar as responsabilidades familiares.
Adotando essas práticas, as empresas demonstram um compromisso genuíno de apoio às mães no local de trabalho, o que pode levar a uma maior satisfação, engajamento e retenção dos seus talentos.



*Taís Rocha de Souza  é psicóloga, especialista em Diversidade e diretora de Operações do Grupo Soulan.