As escolas de samba do Rio de Janeiro estão levando o espírito vibrante do carnaval para além das fronteiras brasileiras, conquistando corações ao redor do mundo. Cada vez mais, estrangeiros se encantam com o som das baterias e o brilho das passistas, criando suas próprias versões dessas icônicas agremiações.

London School of Samba

Fundada em 1984, a London School of Samba é uma das mais antigas representantes da cultura do samba fora do Brasil. Em 1989, a escola foi apadrinhada pela Mocidade Independente de Padre Miguel, adotando as cores verde e branco em seu pavilhão. "Eles ficaram encantados com a Mocidade", comenta Bryan Clem, diretor de Marketing da escola carioca.

Anualmente, a London School se destaca no carnaval de Notting Hill, uma das festas mais famosas de Londres. Em 2022, a escola desfilou com o clássico samba-enredo "Sonhar não custa nada! Ou quase nada", da Mocidade, relembrando o desfile carioca de 1992.

Recentemente, integrantes da escola londrina participaram de um intercâmbio cultural no Rio de Janeiro, trocando experiências e aprendendo mais sobre marketing e comunicação no carnaval. "Eles vêm para cá para desfilar, fazer oficinas com passistas e ritmistas, e nós também vamos lá conhecer o trabalho deles", explica Clem.

Mantendo a Tradição Brasileira Viva em Londres

Daniel Souza Bittar, um paulistano que se mudou para Londres em 2019, encontrou na London School of Samba um pedaço de sua terra natal. “Eu nem sabia onde era e aconteceu que era na London School of Samba”, relembra. Daniel não só participa da bateria, mas também assumiu o papel de carnavalesco, desenvolvendo o enredo para o aniversário de 40 anos da escola, que celebra as raízes do samba e sua conexão com a cultura afro-brasileira.

"O desafio é trazer essa cultura rica para cá, pois ela é muito apreciada, às vezes mais do que no Brasil. É fácil cair na armadilha da superficialidade", diz Daniel, destacando a importância de manter a autenticidade do samba.

Mangueira e Seu Legado no Japão

A Estação Primeira de Mangueira também encontrou um lar no Japão, onde o professor Kisuke Sakuma fundou a escola de samba Saúde YokohaMangueira em 1985. Esta agremiação é uma ponte entre o Brasil e o Japão, levando a tradição verde e rosa para os desfiles em Yokohama. "Esses japoneses são mangueirenses de coração", afirma Alvinho, ex-presidente da Mangueira, sobre o comprometimento dos integrantes japoneses.

Após a morte de Sakuma, Roberto Matsushita assumiu a liderança da escola, continuando a estreitar os laços com o Brasil. "Eles vêm em grupo grande para o carnaval, participam dos ensaios, das feijoadas e das rodas de samba", relembra Alvinho com saudade.

Beija-Flor Encanta a Espanha

A Beija-Flor de Nilópolis é outra escola que tem expandido seus horizontes, levando o samba para a Espanha. Em 2019 e novamente em 2024, a escola participou do Festival de Magdalena, na província de Castellón. “Foi muito gratificante e emocionante ver brasileiros há tanto tempo fora do país se conectarem com a sua cultura”, afirma Júlia Rodrigues, diretora de projetos especiais da Beija-Flor.

A escola também tem promovido a cultura do samba em Madri e outras cidades europeias, oferecendo workshops de percussão e samba. "Queremos mostrar que o carnaval é mais do que uma festa; é uma cultura rica que qualifica jovens e valoriza a economia criativa", destaca Júlia.

Um Movimento Global

Esses exemplos mostram como o samba e o carnaval carioca estão se tornando fenômenos globais, com escolas e comunidades em todo o mundo se dedicando a preservar e celebrar essa rica tradição cultural. Seja em Londres, Tóquio ou Madri, o ritmo do samba continua a ecoar, espalhando alegria e cultura além das fronteiras brasileiras.

Essa expansão internacional não só fortalece os laços culturais entre os países, mas também promove uma troca rica e significativa, permitindo que o espírito vibrante do carnaval do Rio alcance novos públicos e ganhe novos admiradores ao redor do mundo.