Economia

Acerto de contas

Criar um filho exige planejamento financeiro; especialistas dão dicas

Custo pode ser alto, mas com preparação fica mais tranquilo enfrentar todos os gastos. Este conteúdo faz parte da segunda edição do caderno especial Acerto de Contas, com curadoria da colunista Giane Guerra, sobre finanças

Por Redação com sites* 21/08/2022 16h04
Criar um filho exige planejamento financeiro; especialistas dão dicas

Escolher o nome. Decorar o quarto. Comprar roupinhas e preparar o enxoval. Cumprir a rotina de exames e consultas. Durante a gestação, pais e mães de primeira viagem têm muitas etapas para vencer até o momento do nascimento do bebê. Essa rotina de cuidados é fundamental para garantir uma chegada cercada de saúde e afeto. Na hora de fazer o planejamento, as finanças também precisam ser consideradas.

— A chegada de um filho acarreta um desembolso alto, principalmente no primeiro ano de vida. O ideal é que a família tente se programar para essa chegada e fazer a lição de casa. Isso significa ter uma reserva financeira com o valor equivalente de seis meses de custo de vida para esperar o bebê — afirma Juliana Inhasz, professora de Economia do Insper.

Um cálculo estimado por ela indica que essa conta pode chegar a R$ 2,2 milhões de zero até os 18 anos para uma família de classe A – a cifra considera a despesa mensal calculada com valores de 2022, projetados pelo período sem considerar a inflação. Para fazer essa média, a economista, que é doutora em Teoria Econômica pela Universidade de São Paulo (USP), considerou as faixas de renda do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e um gasto médio de 30% com alimentação, roupas, lazer, educação, entre outras despesas. Tudo vai depender do estilo de vida, das escolhas em educação e saúde, assim como do local em que vive a família.

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— O custo de vida nas grandes cidades é relativamente mais alto, uma vez que a concorrência por vagas de estudo público e por serviços de saúde pública é muito maior, o que faz com que a iniciativa privada seja acionada em muitos casos. Por isso, os custos podem ser maiores – comenta Juliana.

Além da reserva de emergência, há outros aspectos que os especialistas indicam para quem quer planejar os gastos com os filhos. Planejadora financeira da MB Asset, Denise Silva vê nos seguros uma alternativa para os pais que não têm lastro financeiro:

— Para os pais que não possuem uma reserva formada e que ainda estão construindo o patrimônio, o seguro de vida é uma excelente proteção no caso de ausência ou incapacidade laborativa.

Segundo filho costuma impactar menos nas contas

De acordo com ela, a contratação de um plano de saúde é uma opção recomendável, porque a rotina de consultas e exames durante a gestação e nos primeiros anos de vida também é intensificada.

Para famílias pensando em expansão, a boa notícia é que a chegada do segundo filho costuma ter um impacto menor no orçamento doméstico. Isso porque há uma curva de aprendizado com os primeiros anos de vida.

— Famílias com mais filhos acabam tendo custos esperados, em média, menores porque existe o reaproveitamento de muitos produtos como roupas, materiais escolares, brinquedos e calçados, por exemplo, assim como uma redução no valor proporcional de despesas familiares — afirma a economista Juliana.

Programar investimentos no longo prazo para pagar a faculdade ou um intercâmbio é uma prática recomendada. Para Denise, é possível construir uma carteira de investimentos que poderá ser composta por papéis que correspondam aos objetivos e prazos:

— Para os primeiros anos, opte por papéis mais conservadores e com liquidez, como CDBs, títulos do Tesouro ou fundos de renda fixa. Mas, se o objetivo é a faculdade, pode-se pensar em uma carteira de longo prazo. Neste caso, como o tempo é amigo,faz sentido correr um pouco de risco, como os fundos multimercados ou até mesmo um pequeno percentual em renda variável.

Líder regional da XP no Rio Grande do Sul, Rafael Carmo acredita que a visão de longo prazo pode beneficiar o investidor. Ele aposta em uma carteira diversificada em renda fixa e ações. — Fundos de previdência que exigem aportes mensais também podem ajudar muito — completa.

*GZH

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