Economia

ESTIAGEM

Seca histórica no Hemisfério Norte afeta economia global

Recordes de falta de chuva são registrados desde o oeste dos Estados Unidos até o leste da China

23/08/2022 08h08 - Atualizado em 23/08/2022 09h09
Seca histórica no Hemisfério Norte afeta economia global

A seca severa em todo o Hemisfério Norte, desde a Califórnia, no oeste dos Estados Unidos, passando pela Europa, e atingindo a China, está prejudicando ainda mais as cadeias de suprimentos e contribuindo para a elevação dos preços dos alimentos e da energia. É mais um ingrediente a pressionar a economia mundial, afetada pelas medidas de isolamento social decretadas em praticamente todo o globo a partir de 2020 para conter a pandemia de covid-19 e pela guerra na Ucrânia, iniciada em fevereiro pela Rússia.

A estiagem e o calor intenso afetam de maneira determinante a Europa, que não consegue armazenar energia para o inverno: está gastando muito neste escaldante verão e a Rússia, de quem depende muito em energia, tem diminuído o fornecimento de gás e óleo. A seca também atinge a geração de eletricidade, a agricultura, a indústria e o turismo.

Na China, algumas províncias já determinaram a paralisação de algumas indústrias por falta de energia hidrelétrica. No centro e sudoeste da China, as autoridades declararam medidas de racionamento para enfrentar a seca.

A província de Sichuan, no sudoeste, foi a mais atingida pela queda das chuvas, pois depende muito da energia hidrelétrica para a eletricidade. As altas temperaturas aumentaram a demanda por ar-condicionado, ameaçando sobrecarregar a rede elétrica.

De acordo com reportagem do The Wall Streel Journal, o Centro Nacional do Clima da China informou que o país vive a mais longa onda de calor desde que os registros começaram, em 1961.

Pior seca em 1,2 mil anos
De acordo com um estudo liderado pela Universidade da Califórnia, citado pela reportagem, no oeste norte-americano, uma seca que começou há duas décadas agora parece ser a pior em 1,2 mil anos.

Nos EUA, os analistas agrícolas esperam que os agricultores percam mais de 40% da safra de algodão, enquanto na Europa a colheita de azeite espanhol deve cair até um terço em meio a condições quentes e secas. O nível do Rio Colorado caiu tanto que o escritório encarregado de gerenciar barragens e hidrelétricas, subordinado ao Departamento do Interior, declarou, em 16 de agosto, estado de escassez hídrica e consequentes cortes obrigatórios de água no Arizona, Nevada e México.

Na Europa, o cientista Andrea Toreti, do Centro Conjunto de Pesquisa da Comissão Europeia, disse que a seca que afeta Espanha, Portugal, França e Itália poderá ser a pior em 500 anos. Rios como o Reno e o Po, na Itália, essenciais ao transporte de mercadorias, estão nos menores níveis já registrados, dificultando a navegabilidade.

A queda do nível dos rios também reduziu a geração de energia hidrelétrica em todo o continente, afetando uma fonte alternativa importante ao gás natural, também escasso em razão dos problemas com a Rússia. A baixa do Reno também está afetando o transporte e o sistema de barragens da Holanda.

Cientistas do clima dizem que os períodos de seca deste ano se devem em parte ao La Niña, um padrão cíclico de água mais fria no leste do Oceano Pacífico que empurra a corrente atmosférica para o norte, deixando partes da Europa, Estados Unidos e Ásia com menos chuva. A Organização das Nações Unidas (ONU) sustenta que o número de secas se deve à degradação da terra e às mudanças climáticas.

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