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Investir em refinaria como prometeu Lula é um erro, diz especialista

David Zylbersztajn, ex-diretor da ANP, diz que medida vai na contramão do que o mundo tem feito e não reduzirá os preços dos combustíveis

Por Redação com site* 08/11/2022 18h06
Investir em refinaria como prometeu Lula é um erro, diz especialista

O preço dos combustíveis é uma das armadilhas do complexo campo minado que o governo Lula enfrentará a partir de janeiro de 2023. Sancionada por Jair Bolsonaro, a política que cortou impostos e reduziu os valores nas bombas dos postos tem a mesma validade da gestão do atual presidente. Caso Lula decida não dar continuidade à isenção de tributos, os preços da gasolina, diesel e etanol devem, no ano que vem, anular boa parte dos descontos concedidos desde junho passado, quando a medida entrou em vigor.

Uma das promessas de campanha de Lula foi a de voltar a investir em refinarias, para reduzir a dependência da importação de combustíveis do mercado externo e permitir que o petróleo nacional seja refinado. A estratégia não é novidade, e replica um passado delicado para o governo, especialmente para o futuro presidente.


Os investimentos bilionários em projetos como o Comperj e a refinaria Abreu e Lima, desenhados durante o último governo Lula, resultaram em obras que nunca foram concluídas e que custaram bilhões aos cofres públicos – seja por ineficiência ou por pura corrupção.

A promessa de reconduzir a Petrobras à tarefa de investir em refinarias não é, nem de longe, bem vista pelo mercado. Na avaliação de David Zylbersztajn, ex-diretor da Agência Nacional de Petróleo (ANP) e professor da PUC-RJ, a transição para um mercado com menos combustíveis fósseis deveria ser prioridade para a Petrobras. Não só por causa do futuro que se impõe, mas porque, em uma análise econômica, o investimento em refinarias é uma das estratégias mais custosas na cadeia de petróleo e é a que dá menor retorno.

Foi por esse motivo que a Petrobras se desfez de algumas de suas mais importantes refinarias, como a Refinaria Landulpho Alves, na Bahia. No ano passado, a petroleira anunciou que pretendia vender oito das suas 13 refinarias. Se for para frente, a política de investimento em refino seria um verdadeiro cavalo de pau nos planos da empresa.

*METRÓPOLE

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