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Risco de recessão e política monetária devem pautar debate econômico do G20

17ª reunião de cúpula do G20, grupo com as vinte maiores economias do mundo, começa nesta terça-feira (15), em Bali, na Indonésia

Por Redação com site* 15/11/2022 12h12
Risco de recessão e política monetária devem pautar debate econômico do G20

A 17ª reunião de cúpula do G20, grupo com as vinte maiores economias do mundo, começou nesta terça-feira (15), em Bali, ilha localizada na Indonésia. Líderes devem discutir os impactos da guerra na Ucrânia para os países e os altos índices de inflação global, que está fazendo com que os bancos centrais corram para elevar as taxas de juros para tentar mitigar o aumento disseminado de preços.

Segundo especialistas, a perspectiva de uma recessão global, o controle da inflação e alternativas energéticas devem ser temas em destaque nas discussões entre os líderes.

A ministra das Finanças da Indonésia, Sri Mulyani Indrawati, já deu o tom da importância do debate econômico para a cúpula ao afirmar que a situação econômica ao redor do globo deve continuar difícil neste ano e “possivelmente” no próximo. “Não podemos desprezar o risco crescente de recessão econômica”, disse durante discurso à imprensa.

Rodolfo Margato, economista da XP, diz que provavelmente haverá uma discussão abrangente sobre taxas de juros, taxas terminais e o ritmo de aperto de política monetária entre os países. Segundo o especialista, o principal ponto será a duração das taxas elevadas.

“O atual ambiente aumenta os riscos de recessão. Juros mais altos, para combater a inflação, acabam piorando a dinâmica da atividade econômica”.

Dados do Fórum Econômico Mundial corroboram para a análise. Segundo o órgão, a inflação descontrolada, uma crise de dívida em desenvolvimento e problemas de custo de vida representam as maiores ameaças aos negócios dos países do G20 nos próximos dois anos.

Além disso, o Produto Interno Bruto (PIB) do G20 sofreu contração de 0,4% no segundo trimestre de 2022 ante os três meses anteriores, segundo relatório publicado pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).

Para o professor de relações internacionais da Fundação Armando Alvares Penteado (Faap) Vinícius Rodrigues Vieira as transformações digitais, que impactam as trocas comerciais entre as nações, também devem fazer parte da cúpula.

Guerra da Ucrânia

Tanto Vieira como Margato ressaltam que questões geopolíticas envolvendo a guerra na Ucrânia devem estar em pauta, uma vez que seus desdobramentos tem gerado grande parte dos desafios econômicos globais.

“Aquela região [da Ucrânia] é importante provedora de commodities energéticas, agrícolas, algumas metálicas… isso também têm efeitos sobre a dinâmica de preços internacionais”, diz Margato.

A representação russa, inclusive, não contará com a presença do presidente Vladimir Putin. O país optou pelo envio do ministro das Relações Exteriores, Sergei Lavrov. A decisão de Putin tem o objetivo de poupar-lhe possíveis constrangimentos de ser confrontado – ou evitado – por outros líderes mundiais por conta do conflito no Leste Europeu.

Por fim, os planos para mitigar a crise climática e avançar com relação à transição energética são esperados na reunião.

“Na questão energética, a busca pela diversificação da matriz energética dos países mais ricos, que já está em andamento, terá que acelerar. O mundo vai buscar independência energética da Rússia”, explica o professor do Instituto de Relações Internacionais da USP, Kai Enno Lehmann.

A avaliação é a de que as discussões ambientais que vinham sendo feitas durante a COP27 devem, em certa medida, continuar e se intensificar no encontro das 20 principais economias do mundo. Além disso, o próprio país que está sediando o evento deve exercer grande papel neste sentido.

A Indonésia


A escolha da Indonésia como palco para a cúpula de 2022 se dá a partir do protocolo estabelecido entre o grupo, no qual o país que assume a presidência rotativa também será aquele a sediar o evento. No caso, neste ano, a presidência está com a nação localizada no Sudeste Asiático.

No entanto, especialistas explicam que também existe o aspecto simbólico, já que a Indonésia tem sido um dos países que mais sofre com as mudanças climáticas. Um prova disso é a mudança da capital, que deve se concretizar em 2024.

O governo indonésio anunciou, em abril de 2019, um plano para transferir a capital administrativa do país de Jacarta para dois distritos na parte oriental da ilha de Bornéu. Jacarta está 40% abaixo do nível do mar, e continua afundando cerca de 7,5 centímetros em média por ano, de acordo com as últimas estimativas oficiais.

A construção da nova capital deveria ter começado no final de 2020, mas foi adiada devido à pandemia de Covid-19.

Além disso, o Banco Mundial alerta para impactos na disponibilidade de água, saúde e nutrição e gestão do risco de desastres e desenvolvimento urbano —particularmente nas zonas costeiras, com implicações para a pobreza e a desigualdade.

O país é a quarta nação mais populosa do mundo e a 10ª maior economia em termos de paridade de poder de compra, com uma economia focada, principalmente, no setor industrial e na agricultura, com a exportação de commodities.

O G20


O G20 foi criado em 1999 e reúne as maiores economias do mundo, incluindo países desenvolvidos e economias emergentes. O grupo funciona como foro para o diálogo e a cooperação internacional sobre temas econômicos e de desenvolvimento.

Os países membros representam 80% do PIB global, 75% das exportações, cerca de 70% dos investimentos diretos estrangeiros e 60% da população mundiais.

Os membros permanentes são: África do Sul, Alemanha, Arábia Saudita, Argentina, Austrália, Brasil, Canadá, China, Coreia do Sul, Estados Unidos, França, Índia, Indonésia, Itália, Japão, México, Reino Unido, Rússia, Turquia e União Europeia.

O Brasil sediará o encontro anual de presidentes e primeiros-ministros do G20 em 2024. Esta é a primeira vez que o Brasil é escolhido como anfitrião para uma cúpula de líderes do G20 desde a criação do grupo, em 1999.

*CNN

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