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Artesanato alagoano é destaque em roda de conversa sobre moda e identidade

Por Redação com assessoria 13/11/2023 16h04
Artesanato alagoano é destaque em roda de conversa sobre moda e identidade

A parceria entre a produção de artistas populares e a moda na construção de uma identidade brasileira nas passarelas foi tema de um bate-papo no auditório do Museu A CASA do Objeto Brasileiro, em São Paulo, nesta quinta-feira (9). Os artesãos e empreendedores Petrúcia Lopes, Sandra Cartaxo, Luciana Almeida, Eduardo Faustino e Leide Santana conversaram com o designer Antônio Castro, criador da marca Foz, e a gestora de Artesanato do Sebrae Alagoas, Marina Gatto, com mediação da jornalista Regina Galvão.

O encontro aconteceu no mesmo dia do desfile de estreia da marca Foz no São Paulo Fashion Week, que contou com a participação dos artesãos alagoanos. O feito à mão é uma das características do trabalho realizado por Antônio Castro, que desde a primeira coleção realiza pesquisas e faz parcerias com grupos e artistas populares, principalmente nordestinos.

“O meu processo criativo envolve muita pesquisa, é algo muito orgânico esse contato com o artesanal e esse mapeamento faz parte do desenvolvimento de cada coleção”, afirma. Para o alagoano, que cursou Moda em São Paulo, a arte popular é uma importante ferramenta de reafirmação da identidade brasileira e alagoana. “É a expressão da minha cultura que enriquece o meu trabalho”, completa.

A parceria com os artesãos faz parte desse processo. “A gente brinca com as possibilidades, experimenta, desenvolve uma linguagem diferente, quase um novo idioma”, pontua. Cada artista traz suas próprias experiências, tipologias e modos de fazer, que dialogam com a criação do designer.

“Ele tem sempre um carinho e um respeito muito grande pelo que fazemos. Talvez esse seja o grande diferencial do trabalho que a gente desenvolve juntos. Faço metros de tecido em patchwork para ele e, quando vejo, isso se transforma em peças lindas, que me deixam admirada”, diz a artesã Sandra Cartaxo.

Os artesãos foram levados a São Paulo pelo Sebrae Alagoas, marcando a primeira participação deles em um dos maiores eventos de moda do país. Marina Gatto, gestora de Artesanato da instituição, acompanhou o grupo e também atua nos processos de aproximação entre os artistas populares e as marcas brasileiras de moda, design, decoração e objetos utilitários.

“Nossa arte popular é riquíssima e o Sebrae apoia o artesão em todas as suas demandas, seja orientando as melhores práticas no manejo das matérias-primas ou na comercialização de peças, em aspectos como precificação, divulgação e participação em feiras e eventos”, afirma Marina Gatto.

Ela conta que a diversidade de tipologias em cada região do estado e a originalidade dos artesãos de Alagoas são os maiores diferenciais nessa interface com o mercado, com as marcas de projeção nacional. “Nós vimos isso hoje, no desfile da Foz e também acompanhamos em outras colaborações, como a parceria entre a marca Cantão e os artesãos da Ilha do Ferro”, recorda.

Para Petrúcia Lopes, do Instituto do Bordado Filé, a relação entre moda e artesanato também representa um importante retorno comercial para os artesãos. “Quando uma marca séria procura um grupo criativo, um instituto como o nosso ou uma associação, significa reconhecimento e representatividade. A relação é positiva para todos, como acontece com o Antônio”, diz.

A capelense Luciana Almeida, líder da associação Mimos da Dona Peró, também fez questão de destacar o papel do Sebrae como catalisador desses processos de parceria. “Eu digo com muita alegria que o Sebrae de Alagoas funciona, eles literalmente pegam na nossa mão e nos orientam. Além disso, nos trazem aqui para ver de perto tudo isso acontecendo”, afirma.

A jornalista Regina Galvão, referência nas áreas de design e arquitetura, destaca a criatividade do artesão de Alagoas que realiza um trabalho autoral único na arte popular brasileira. “Eu fico impressionada com a riqueza das peças e a forma como esses artistas se relacionam com o seu entorno, reinterpretando suas vivências na arte”, atesta.

Eduardo Faustino, artesão pernambucano radicado em Alagoas há 40 anos, a “colab”, o trabalho em parceria com outros artistas e marcas aumenta as chances de visibilidade e comercialização. “Quando a gente vive de arte precisa de público, encontrar quem se interesse e compre nossas peças”, diz.

Líder da Associação de Mulheres Artesãs Pontal Art, no Pontal de Coruripe, Leide Santana também destaca a importância de trabalhos como o desenvolvido pela Foz. “O contato com o Antônio nos faz muito bem. E também nos ensina a lidar com certas coisas, como exclusividade e ética. Tem gente que nos procura para fazer uma bolsa ou chapéu igual ao da Foz e eu digo que a peça é da Foz, nós executamos um trabalho criado pelo estilista e inclusive mando o print da conversa para ele”, conta bem humorada.

A roda de conversa com os artesãos, que contaram suas experiências, seus trabalhos e suas relações com o mercado atraiu um público sensível, que busca saber mais sobre sustentabilidade, desenvolvimento local e respeito ao artesanato e ao artesão. “O Sebrae Alagoas fez questão de trazê-los para essa imersão, para que eles vissem suas peças desfilando, e celebrar tudo isso mostra que eles estão no caminho certo, ao viver de sua arte e acreditar no seu potencial”, conclui a analista Marina Gatto.

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