Economia
Reflorilha amplia conceito de sustentabilidade junto aos moradores da Ilha do Ferro
Os moradores da Ilha do Ferro, em Pão de Açúcar, deram início ao Programa Reflorilha, que prevê uma série de ações no âmbito social, ambiental e de gestão com foco no associativismo e na sustentabilidade. Nesta sexta-feira (15), eles receberam uma equipe técnica do Sebrae, da prefeitura municipal e do governo do Estado para a primeira fase do plantio de mudas com espécies nativas da caatinga.
“Nós começamos com mil árvores plantadas, mas o objetivo é chegar a cinco mil ao longo do projeto. Também demos início aos trabalhos no viveiro que vai produzir as próprias mudas com espécies aqui da região. O impacto ambiental é só uma das frentes que estamos apostando, mas também queremos garantir políticas públicas que vão permitir a diversificação da Economia Criativa aqui no povoado”, explica Ana Madalena Sandes, analista do Sebrae Alagoas e um das gestoras do projeto.
Além do reflorestamento, já foram iniciadas capacitações, projeto de reciclagem, ações com foco no turismo consciente e na sustentabilidade das atividades econômicas. “Já desenvolvemos, há alguns anos, um trabalho com as artesãs e artesãos da região, que produzem o bordado Boa Noite, típico daqui, e as peças entalhadas na madeira, que fazem a fama da Ilha no Brasil e no mundo. Agora queremos ampliar nossa atuação, propondo o Reflorilha, que conta com o protagonismo dos moradores”, diz Marina Gatto, gestora de Artesanato do Sebrae Alagoas.
O objetivo é expandir as ações em várias frentes, como a coleta seletiva de resíduos, a instalação do viveiro de espécies nativas, melhoria do tratamento da água, incluindo saneamento básico, criação do Conselho de Desenvolvimento Sustentável da Ilha do Ferro, criação do centro de informações turísticas, ações de Educação Ambiental, e estruturação de um sistema de pagamentos por serviços ambientais e absorção de carbono integral na Ilha do Ferro. “A interação desses projetos, ao longo do próximo ano, vai garantir que a Ilha continue sendo esse oásis de arte e sustentabilidade às margens do São Francisco”, lembra Ana Madalena Sandes.
O terreno e as instalações do viveiro que passou a funcionar no povoado é fruto de uma ação da Unidade de Ambiente de Negócios (UAN), com a articulação da analista Tatiana Engler. “O objetivo é manter um banco de sementes com as principais espécies sertanejas, incluindo as mais raras, que sofrem risco de extinção no bioma”, diz Tatiana. A analista Agda França, da Unidade de Competitividade Setorial (UCS), é a responsável pelas capacitações para reciclagem de resíduos sólidos. “Além desse contato mais direto com a população nas oficinas, estamos entregando hoje uma estação para coleta seletiva de resíduos, na principal via da Ilha do Ferro”, destaca.
O projeto conta com a parceria da Prefeitura de Pão de Açúcar, do Instituto do Meio Ambiente (IMA), da Secretaria de Estado da Indústria, Comércio e Serviços (Sedics), a Chesf, que forneceu as primeiras mil mudas e a Associação Ilha das Artes, formada pelos artesãos. O envolvimento da comunidade é considerado decisivo para o Sebrae. Para a instituição, a adesão da população é o que vai garantir o sucesso da iniciativa.
O artesão e educador Yang da Paz Farias, presidente da associação, afirma que o Reflorilha é mais uma oportunidade de impactar positivamente o povoado tanto entre os moradores quanto entre o público em geral. “Hoje foi apenas o pontapé inicial, esse projeto tem tudo pra ganhar o mundo e nós não seremos conhecidos apenas pela excelência estética do nosso artesanato, mas também por essa preocupação com o meio ambiente, a partir da conscientização e do reflorestamento”, argumenta.
Para o prefeito de Pão de Açúcar, Jorge Dantas, o projeto tem tudo para dar certo. “Estou aqui porque acredito nessa experiência e quero dizer que a prefeitura fará o que for necessário para apoiar. Essa chuva que caiu hoje cedo é prenúncio que esse plantio vai render bons frutos para a nossa região”, diz.
Ana Madalena Sandes lembra que a sustentabilidade envolve o artesanato, a pesca, o turismo e é algo que precisa ser de toda a Ilha, sobretudo, das pessoas. “Estamos trabalhando para que todas as ações gerem impactos positivos. Estamos propondo um modelo inovador para as pessoas que vivem dos recursos naturais aqui da região”, comenta.
Marina Gatto também lembra que a visibilidade e a procura pela arte desenvolvida na Ilha do Ferro faz do povoado uma referência para outras comunidades criativas do estado. “O que estamos propondo é que a Ilha do Ferro se torne cada vez mais conhecida também pela atividade sustentável e consciente, sendo um exemplo positivo para Alagoas e para todo o Brasil”, destaca.
O fim da ação, na sexta-feira, foi marcado por um café da manhã coletivo, além de uma apresentação e um cortejo do Maracatu AfroCaeté, acompanhado da cantora Naná Martins. “Estamos na Ilha do Ferro pela primeira vez e mostrar nosso trabalho aqui é uma grande honra. Depois do cortejo vamos visitar o povoado e conhecer um pouco mais seu artesanato e sua cultura”, afirma Rídina Motta, em nome do grupo.
Para Ana Madalena Sandes e Marina Gatto é uma forma de incentivar novas abordagens artísticas, viabilizando o desenvolvimento da Economia Criativa. “A Ilha é pródiga em artistas de diversos segmentos, artesanato, música, dança, gastronomia. Tudo que eles fazem reflete a beleza e o talento dos moradores”, finaliza Ana Madalena.
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