Em 2023, os consumidores brasileiros experimentaram uma situação atípica em relação aos produtos de limpeza, conforme apontado pela Associação Brasileira das Indústrias de Produtos de Higiene, Limpeza e Saneantes de Uso Doméstico e de Uso Profissional (ABIPLA). Dados do Índice Geral de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) indicam que, ao contrário de outros anos, o reajuste médio dos itens de limpeza ficou abaixo da inflação, registrando 1,22%, enquanto a inflação geral fechou o ano em 4,62%.

Paulo Engler, diretor-executivo da ABIPLA, destacou que, desde o início da pandemia, apenas em 2022 os preços dos produtos de limpeza ultrapassaram a inflação, sendo influenciados por desafios nas cadeias produtivas internacionais e custos elevados de óleo diesel e energia elétrica. Com a normalização dos estoques e insumos, o setor retomou uma dinâmica alinhada ao histórico da indústria de saneantes, que costuma apresentar inflação similar ou inferior à do índice geral.

O estudo ainda apontou diferenças em relação ao Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), revelando que, enquanto a inflação nacional de 2023 atingiu 3,71%, o reajuste nos preços de produtos de limpeza foi significativamente menor, registrando 0,88%. Alguns produtos apresentaram deflação, como detergente (-0,70%), sabão em barra (-5,68%), e esponja de limpeza (-4,57%).

Engler enfatizou que, além da deflação em alguns itens, produtos essenciais para a saúde pública tiveram reajustes menores que a inflação, conforme o INPC. Ele ressaltou a importância do setor na promoção da saúde pública, citando a parceria com a ANVISA e a realização de campanhas para o uso consciente de produtos de limpeza, destacando que o setor desempenha um papel crucial na prevenção de contaminações e pode ser considerado uma "primeira vacina" contra diversos agentes patogênicos.