Desde que o dicionário inglês Collins elegeu “inteligência artificial” como a palavra do ano em 2023, o termo ganhou destaque e continua atraindo adeptos em todo o mundo. Ferramentas de IA generativa têm o potencial de transformar o mercado de trabalho e diversos setores da economia, especialmente o setor criativo.

Segundo relatório da Salesforce, empresa norte-americana de software on demand, a IA generativa está provocando uma verdadeira revolução no mercado de trabalho. Líderes empresariais em todo o mundo observam de perto a tecnologia, que promete aumentar a produtividade ao praticamente eliminar trabalhos repetitivos.

A pesquisa da empresa também mostra que a IA generativa pode reduzir custos, agilizar a busca por soluções de problemas e aumentar a lucratividade das operações. Benefícios semelhantes foram identificados por uma equipe de pesquisa do aplicativo de design gráfico Canva, que entrevistou mais de 4 mil líderes de marketing e criação em nove países, incluindo o Brasil.

Os entrevistados apontaram que a IA generativa ajuda a economizar entre duas e três horas por semana de trabalho, tempo que pode ser usado para tarefas que demandam uma visão crítica humana, como revisão e edição. Além disso, 83% dos líderes criativos já usaram geradores de texto baseados em IA para criar conteúdo escrito e 82% já utilizaram ferramentas de IA para gerar imagens únicas.

"A IA generativa, que nada mais é do que uma tecnologia que utiliza dados para criar algo novo, funciona como um assistente de profissionais criativos. Ferramentas desse tipo já estão integradas a diversos softwares, auxiliando na criação de projetos únicos", explica Luiz Guilherme Guedes, especialista em Economia Criativa Digital e CEO da EPICdigitais.

Impacto da IA generativa

O impacto da IA generativa será sentido em todos os setores da economia, mas o setor criativo é um dos mais evidentes. Segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD contínua) do IBGE, cerca de 7,4 milhões de brasileiros trabalham com criatividade. Esse número deve chegar a 8,4 milhões em 2030, de acordo com a Confederação Nacional da Indústria (CNI).

Guedes afirma que esse grande contingente de pessoas que usam criatividade para ganhar dinheiro deve abraçar a IA generativa a partir de 2024. "O que chama atenção é o nível de personalização e qualidade dos resultados das ferramentas", ressalta.

Além de IAs generativas que produzem música, como AIVA, Soundraw e Boom, existem sistemas mais tradicionais e conhecidos, como o ChatGPT, Character.AI e Gemini. Outras ferramentas populares incluem Midjourney, Speechify, Leonardo e Lexica.

IA generativa como parceira criativa

As IAs generativas causarão impacto em todos os aspectos da sociedade, desde o mercado de trabalho até o cotidiano. Por exemplo, dispositivos com Alexa fornecem informações sobre o clima, programação de eventos esportivos e receitas, entre outras funções.

"Inteligências artificiais, sejam generativas ou não, devem ser encaradas como parceiras. Elas não substituirão humanos, já que dificilmente aprenderão a perceber as minúcias que nós percebemos. Na criação de conteúdo, as IAs nunca tocarão as emoções como seres humanos fazem de forma natural", defende Guedes.

O CEO da EPICdigitais afirma que os seres humanos continuarão sendo o principal motor das inovações, com as IAs sendo ferramentas para canalizar a criatividade. Nesse contexto, é essencial saber usar essas plataformas para destacar produções em um cenário cada vez mais competitivo.

"Empresas das indústrias do entretenimento e criativa lutam não necessariamente pelo dinheiro do público, mas pelo tempo. Saber utilizar ferramentas como as IAs generativas pode ser o diferencial para captar a atenção das pessoas", conclui Guedes.