A Tesla (TSLA.O), líder em tecnologia de gigacasting, recuou de seu plano de avançar com um processo inovador de fabricação, segundo fontes familiarizadas com a situação. A decisão foi tomada em meio à queda nas vendas e ao aumento da concorrência no setor de veículos elétricos.

A técnica de gigacasting, que utiliza prensas enormes para fundir grandes seções da parte inferior da carroceria de carros, pretendia simplificar a produção e reduzir custos. No entanto, a Tesla optou por continuar com o método mais tradicional de moldar a parte inferior dos veículos em três peças, conforme as fontes revelaram.

Esse método consiste em duas grandes seções dianteira e traseira, juntamente com uma seção intermediária de alumínio e aço para armazenar baterias. Essa abordagem é semelhante à usada nos modelos mais recentes da empresa, o SUV crossover Modelo Y e a picape Cybertruck.

A decisão de adiar o avanço no processo de gigacasting reflete uma mudança estratégica da Tesla para cortar gastos de curto prazo em meio a condições de mercado desafiadoras. Além disso, a empresa recentemente demitiu mais de 10% de sua força de trabalho global e viu alguns executivos seniores se demitirem ou serem afastados.

A Tesla está se concentrando mais no desenvolvimento de veículos autônomos do que na busca por um grande crescimento nas vendas de veículos elétricos. A montadora também interrompeu o desenvolvimento de um novo modelo de carro mais acessível, frequentemente chamado de Modelo 2, que seria o primeiro veículo construído com o processo de gigacasting de peça única.

Os planos para o Modelo 2, que deveria custar US$ 25 mil, foram arquivados em 5 de abril. A Tesla agora está trabalhando em um plano mais simples e rápido para produzir carros "mais acessíveis" usando plataformas e linhas de produção existentes.

O foco agora está em avançar com o desenvolvimento de um robotáxi autônomo baseado na plataforma do Modelo 2, segundo uma fonte. Os fornecedores estão adaptando o processo de três peças da Tesla para o veículo de próxima geração.

A decisão de adiar o gigacasting de peça única economiza grandes investimentos de curto prazo em fabricação e design, afirmou Terry Woychowski, presidente da empresa de engenharia norte-americana Caresoft Global.

Especialistas em fabricação automotiva destacaram que o caminho mais conservador da Tesla reflete as dificuldades históricas da empresa em lançar veículos complexos no prazo, incluindo a picape Cybertruck.

Adiar a adoção do gigacasting de peça única ajuda a empresa a evitar grandes investimentos de capital e complexidades de fabricação. No entanto, essa abordagem mais cautelosa pode impactar a capacidade da Tesla de competir com fabricantes chineses de veículos elétricos, que já dominam o segmento de baixo custo.

A decisão de recuar do gigacasting representa um ajuste estratégico da Tesla em meio a desafios contínuos no mercado de veículos elétricos.