Economia
Com mais de 180 mil registros, MEIs geram renda e movimentam a economia de Alagoas
Tipo empresarial representa 63% das empresas com registro ativo no estado, conforme dados da Junta Comercial.
O mundo dos negócios representa uma infinidade de possibilidades para aqueles que desejam conquistar a própria autonomia e independência financeira. Isso se dá em virtude da ampla gama de atividades que o setor possui, ocasionando um cenário onde os empresários possuem a vantagem de obter lucro desempenhando funções de acordo com seus objetivos e desejos.
O ato de empreender, por sua vez, revela um campo cheio de desafios. Há aqueles que optam por iniciar o seu negócio de forma mais branda, começando aos poucos. Essa é a realidade atual de 180.054 empreendimentos alagoanos, que possuem o seu porte na forma de microempreendedor individual (MEI).
O MEI foi uma condição empresarial criada em 2008, por meio da lei complementar de nº 128, possibilitando que empreendimentos que antes permaneciam na informalidade pudessem ter o registro de forma simplificada, gratuita e com benefícios tributários e previdenciários.
Atualmente em Alagoas, os MEIs representam 63,04% do total de empresas com registro ativo, segundo dados da Junta Comercial do Estado de Alagoas (Juceal). Esses negócios irrompem o senso comum e mostram que o empreendedorismo, com geração de emprego e renda, pode ter início com essa condição empresarial.
O começo de tudo
A categoria de microempreendedor individual surgiu como uma forma de garantir os direitos e dar o suporte necessário para aqueles que escolhem trabalhar por conta própria, levando em consideração que o início pode ser uma fase complicada. É o que ressalta o professor Amaro Júnior. Com mais de 10 anos de atuação no âmbito da informática, Amaro é proprietário da Link8 Treinamentos e Cursos, situada no bairro Farol, em Maceió.
“Eu trabalho com isso desde que me entendo por gente. Iniciei sozinho, fazendo suportes e pequenas manutenções até que eu decidi me formalizar. Hoje a gente tem a demanda de ter uma nota fiscal, ser, de fato, uma empresa que preste serviço e não um profissional avulso, para que a outra empresa ou pessoa jurídica sinta a confiança naquele serviço que você está prometendo”, frisa.
Amaro, que está formalizado como MEI desde 2015, conseguiu expandir seu negócio e hoje possui o enfoque na educação. Já são mais de 500 alunos capacitados pela Link8, com cursos profissionalizantes voltados para a área de tecnologia. “Buscamos inserir jovens no mercado de trabalho e alocar pessoas que precisam se atualizar, porque o mundo hoje mudou com as inovações tecnológicas”, afirma o professor.
A evolução
Quando um negócio dá certo, o empresário lucra e o setor econômico desenvolve. Com essa transição, o que antes era apenas um empreendimento individual pode também evoluir de porte, tornando-se uma microempresa (ME) ou uma empresa de pequeno porte (EPP).
É o caso de Juarez Silva, de 53 anos, que começou sua trajetória profissional como autônomo e depois passou a trabalhar por conta própria com o seu empreendimento. Atuando na área da marcenaria desde 1994, o empresário passou a ter seu negócio caracterizado como EPP recentemente, mas destaca que teve que percorrer um longo caminho até atingir esse feito.
“O começo foi muito difícil, mas melhorou. Estou lutando para conquistar ainda mais”, conta. A empresa Juarez Alves da Silva Marcenaria foi registrada em 18 de novembro de 2015 como MEI, o que faz Silva destacar o importante papel desempenhado por essa condição empresarial.
“O microempreendedor é a base. Ele está tentando subir na vida”, frisa o empreendedor que tem o seu negócio situado no bairro Chã do Bebedouro, em Maceió, registrado com um único objetivo: a fabricação de móveis com predominância de madeira.
O futuro
Para além de toda formalização necessária, estabelecer metas, capacitar-se e possuir perspectivas de crescimento são atributos essenciais para crescer no ambiente de negócios. Porém, antes de mais nada, é necessário dedicar-se à atividade que deseja desempenhar.
Foi o caso de Nayara Farias, de 27 anos, microempreendedora no ramo da beleza. A penteadista e maquiadora, que é bacharel em Direito, decidiu tornar a sua principal fonte de renda algo que começou como uma paixão.
Registrada como MEI há apenas 5 meses, Nayara conta que a formalização e materialização do espaço do seu negócio foi um dos momentos mais lindos de sua vida profissional. Situado no bairro Farol, a empresária possui grandes expectativas para seu negócio.
“Eu idealizei muito esse espaço e o que eu penso para futuramente é ampliar isso aqui, colocar mais serviços. Inclusive, agora, a partir da segunda metade de outubro, nós iremos trabalhar também com coisas como tratamentos de cabelos, escovas, alongamento em gel, manicure e pedicure”, conta.
Atualmente, a área escolhida pela empresária é a segunda atividade com mais registro de MEIs ativos no estado. São 10.053 empreendimentos do ramo, ficando abaixo apenas do comércio varejista de artigos do vestuário, que possui 15.386 MEIs.
A importância do MEI
O processo de abertura do microempreendedor individual é feito por meio do Portal do Empreendedor, da Receita Federal, enquanto o acesso à inscrição municipal e à inscrição estadual é feito por meio do Portal Facilita Alagoas, de administração da Juceal.
Para o economista Cícero Péricles, o MEI tem se tornado uma alternativa interessante e que tem trazido benefícios para a criação de empregos e, assim, para a economia alagoana.
“A presença massiva dos microempreendedores individuais na vida empresarial de Alagoas revela a importância de uma experiência positiva para uma economia com características conhecidas, como um mercado estreito, determinado pela renda média baixa e pouco capital disponível para investimentos. Neste cenário, a possibilidade de se criar empreendimentos com a figura jurídica do MEI tanto abre espaços para formalizar um pequeno negócio, como para gerar uma nova ocupação, que passa a ter direitos previdenciários. A existência de mais de 100 mil MEIs no estado é a prova da capacidade deste modelo em responder a esta demanda na base da nossa pirâmide social”, reflete.
Para o presidente da Juceal, Ricardo Dória, o MEI é uma forma de iniciar a atuação como empreendedor em um cenário que possibilita o crescimento das micro e pequenas empresas.
“Alagoas tem investido bastante em infraestrutura e na atração de novos negócios por meio também do desenvolvimento do turismo e da criação de programas de incentivos, como último exemplo, o Programa Cresce Alagoas. Então é toda uma rede pensada na evolução econômica do estado, que faz impulsionar também as micro e pequenas empresas. O MEI começa de baixo, mas ele quer crescer, e cabe a gente oferecer o melhor ambiente possível para isso. Esse é um dos objetivos da Junta Comercial, que busca sempre a desburocratização do ambiente de registro e de licenciamento de empresas, independentemente do seu porte”, enfatiza.
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