O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) iniciou conversas estratégicas com os presidentes da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), sobre a possibilidade de nomeá-los como ministros de seu governo. Com os mandatos de ambos terminando no início de 2025, a movimentação é vista como uma jogada para consolidar apoios e neutralizar adversários políticos.

As primeiras discussões ocorreram na semana passada, em reuniões separadas com Lira e Pacheco. “O assunto foi tratado em caráter preliminar e será retomado em breve”, revelou uma fonte ligada ao Palácio do Planalto.

A indicação de Lira para um ministério tem como objetivo enfraquecer a influência do senador Ciro Nogueira (PI), presidente do PP e um dos mais ferrenhos críticos do governo. Já Pacheco, do PSD, está no centro de uma disputa de poder dentro do partido, que tem como líder Gilberto Kassab, articulador do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), apontado como uma possível figura da direita nas eleições presidenciais de 2026.

As negociações também incluem a sucessão na Câmara e no Senado, com a possível indicação de Elmar Nascimento (BA) e Davi Alcolumbre (PA), respectivamente, para as presidências das Casas. Em troca, Lula garantiria o apoio do União Brasil em 2026. O partido, que é o terceiro maior do país, tem ensaiado a candidatura do governador de Goiás, Ronaldo Caiado, para a presidência.

Outro ponto nas conversas é a vaga no Tribunal de Contas da União (TCU), que poderá ser ocupada pelo deputado Marcos Pereira (Republicanos-SP), representante da bancada evangélica. Para viabilizar essa nomeação, há a possibilidade de antecipar a aposentadoria de um dos ministros do TCU, cenário que já ocorreu com José Múcio Monteiro, hoje ministro da Defesa.

Com Pacheco no governo, o PSD pode retirar o deputado Antonio Brito (BA) da disputa pela presidência da Câmara, favorecendo um arranjo político que fortaleça a base de Lula e diminua a oposição interna no Congresso.