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Economistas criticam bloqueio do governo: “Insuficiente para cumprir meta fiscal
Medida não alcança corte necessário para equilibrar contas e prejudica imagem de responsabilidade fiscal, avaliam especialistas.
O bloqueio adicional anunciado pelo governo federal, que totaliza R$ 13,3 bilhões no orçamento, ainda não é suficiente para atingir a meta fiscal, de acordo com economistas. O valor inclui os R$ 11,2 bilhões contingenciados em julho, mas o desbloqueio de R$ 3,8 bilhões foi autorizado após o aumento de R$ 4,4 bilhões na receita líquida do Executivo, conforme o Relatório de Avaliação de Receitas e Despesas Primárias do 4º Bimestre de 2024.
Para Felipe Salto, economista-chefe da Warren Investimentos, o bloqueio anunciado pelo governo é “bastante irrealista”. Segundo ele, seria necessário um corte adicional de pelo menos R$ 11,2 bilhões para que o governo consiga cumprir suas obrigações. “Os valores anunciados não condizem com as nossas projeções”, disse Salto. “É insuficiente para o cumprimento da meta fiscal.”
Paulo Henrique Duarte, economista da Valor Investimentos, também critica a estratégia do governo, destacando que as constantes mudanças no orçamento afetam a percepção de responsabilidade fiscal. “Passa uma imagem muito ruim para o mercado de que o governo não tem o orçamento na mão”, afirmou. “Esse novo movimento ilustra a disputa interna que tem acontecido na frente fiscal”, concluiu.
O relatório também projeta um déficit primário de R$ 28,3 bilhões para este ano. Apesar da meta de déficit zero do governo, que possui uma margem de tolerância de 0,25% em relação ao PIB, Sergio Vale, economista-chefe da MB Associados, alerta que isso não reflete a verdadeira situação fiscal. “O déficit total este ano será de R$ 60 bilhões e pelo menos R$ 75 bilhões no ano que vem”, afirmou. “A dívida pública terá subido 10 pontos em três anos. Precisamos discutir uma nova regra de dívida, pois a regra de resultado primário deixou de funcionar.”
Apesar do ceticismo, Salto acredita que o governo pode cumprir o arcabouço fiscal dentro do teto, desde que adote novas medidas. “Vai precisar de um bloqueio ou contingenciamento adicional, ou anunciar uma receita muito boa”, sugeriu o economista. Ele menciona dividendos extraordinários do BNDES, depósitos judiciais e uma melhoria na arrecadação como possíveis soluções.
Duarte reforça que a busca por novas receitas, sem conter gastos, pode pressionar a alta dos juros. “Na prática, o governo está novamente operando na linha da receita. Fernando Haddad está aumentando a arrecadação devido a reformas, mas o esforço fiscal é menor”, destacou. Ele ainda alerta que a comunicação inconsistente do governo pode sinalizar aumento de gastos, pressionando a inflação.
Em meio à tentativa do governo de cumprir a meta fiscal, a falta de contenção de gastos e a dependência de receitas extraordinárias levantam questionamentos sobre a real responsabilidade fiscal e seu impacto a longo prazo.
*Terra Brasil Notícias
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