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Fraude em laudos

Polícia prende mulher envolvida em erro que infectou pacientes com HIV no Rio

Operação Verum investiga laboratório responsável por testes de transplantes; seis pessoas foram infectadas.

Por Redação com Agência Brasil 20/10/2024 13h01
Polícia prende mulher envolvida em erro que infectou pacientes com HIV no Rio
Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

A Polícia Civil do Rio de Janeiro prendeu neste domingo (20) uma mulher suspeita de envolvimento na emissão de laudos errados pelo Laboratório PCS Saleme, que resultaram na infecção de seis pacientes com HIV após transplantes de órgãos no estado. A prisão faz parte da segunda fase da Operação Verum, que investiga irregularidades no controle de qualidade dos exames realizados pelo laboratório. A identidade da mulher presa não foi divulgada pelas autoridades.

De acordo com a Polícia Civil, além da prisão, foram cumpridos oito mandados de busca e apreensão com o objetivo de fortalecer as investigações. “A operação visa robustecer a investigação em andamento”, informou a corporação em nota oficial. A ação foi conduzida pela Delegacia do Consumidor (Decon), com apoio do Departamento-Geral de Polícia Especializada (DGPE).

Investigação aponta falhas graves no laboratório

Na primeira fase da operação, quatro pessoas já haviam sido presas, incluindo o médico Walter Ferreira, sócio do PCS Lab Saleme, e os funcionários Jacqueline Iris Bacellar de Assis, Cleber de Oliveira Santos e Ivanildo Ferreira dos Santos. As investigações revelaram que o laboratório, responsável pelos exames de HIV antes dos transplantes, reduziu a frequência das análises de amostras para diminuir custos operacionais, o que resultou em erros graves.

A Delegacia do Consumidor descobriu que, em vez de realizar os testes de forma diária, como exigido pelos protocolos de segurança, o laboratório passou a fazer as análises de forma semanal. Essa mudança comprometeu a precisão dos laudos, resultando em dois doadores considerados erroneamente como negativos para HIV, o que levou à infecção de seis pacientes transplantados.

A Fundação Saúde, órgão vinculado à Secretaria Estadual de Saúde e responsável pela gestão das unidades da rede estadual, já convocou emergencialmente o segundo colocado no processo de licitação para substituir o PCS Lab Saleme nos exames de transplantes. Uma nova licitação será aberta para a escolha de um novo laboratório responsável pelos testes.

### Desdobramentos e licitação emergencial
O laboratório PCS Lab Saleme, interditado pela Vigilância Sanitária local, teve pelo menos três contratos com a Fundação Saúde, sendo investigado por possíveis irregularidades na contratação. O laboratório é de propriedade de familiares do deputado federal Dr. Luizinho (PP-RJ), ex-secretário estadual de Saúde do Rio de Janeiro. Em nota, o parlamentar declarou que, durante sua gestão, não participou da escolha do laboratório para prestar serviços ao estado.

“A força-tarefa do Governo do Estado visa à rápida elucidação dos fatos e à responsabilização dos envolvidos em caso de constatação de irregularidades”, declarou a Polícia Civil. A Secretaria de Estado de Saúde (SES), junto com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e o Sistema Nacional de Transplantes (SNT), está coordenando ações para garantir a segurança dos transplantes e evitar novos casos de infecção.

Contexto e impacto

O caso, considerado grave e sem precedentes pelo Ministério da Saúde, levantou questionamentos sobre os procedimentos de segurança nos transplantes realizados no estado do Rio. A Vigilância Sanitária interditou o PCS Lab Saleme, e os novos exames de compatibilidade e HIV estão sendo realizados no Hemorio, uma das instituições de referência no estado. Além disso, está em andamento um inquérito para investigar o processo de contratação do laboratório pelo governo estadual.

Os órgãos envolvidos garantem que todas as medidas estão sendo tomadas para garantir a segurança dos próximos transplantes, enquanto as investigações buscam identificar a extensão dos danos e a responsabilidade dos envolvidos.

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