Em 2006, o casal Shivaun e Adam Raff lançou o Foundem, um dos primeiros sites de comparação de preços no Reino Unido, apostando em uma ideia pioneira que prometia revolucionar o mercado. "Ninguém mais chegou perto dessa ideia", lembra Shivaun, orgulhosa. Mas, logo nos primeiros dias, o projeto foi drasticamente abalado por uma penalidade de pesquisa do Google, empurrando o site para as últimas posições dos resultados de busca.

“Estávamos monitorando nossas páginas e como elas estavam sendo classificadas. Então vimos todas elas despencarem quase imediatamente”, descreve Adam. Os Raffs tentaram contato com o Google para reverter a situação, mas enfrentaram barreiras. “Recebemos uma resposta do Google no estilo ‘saia daqui, vá procurar o que fazer’”, desabafa Shivaun. Após anos sem resolução, o casal decidiu levar o caso às autoridades antitruste.

O processo teve reviravoltas históricas e, em 2017, culminou em uma multa recorde de €2,4 bilhões (R$14,7 bi) ao Google, condenada por abuso de poder de mercado. Em 2024, o Tribunal de Justiça Europeu reforçou a sentença, rejeitando todos os recursos da empresa. "Acho que foi uma pena para o Google o que eles fizeram conosco", reflete Shivaun. “Nós realmente não gostamos de valentões.”

A batalha dos Raffs expôs a dependência de empresas de internet em relação ao tráfego gerado pelo Google, mas também mostrou o custo alto dessa luta: a Foundem fechou em 2016, e o casal ainda busca justiça com um novo processo por danos civis, previsto para 2026.