A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investigará questões relacionadas ao INSS pode representar um desafio político relevante para o governo federal. É o que aponta Jean Castro, CEO da Vector Relações Governamentais, ao destacar o momento delicado vivido pelo Planalto, que tenta recuperar seus índices de popularidade.

No funcionamento da CPMI, três figuras desempenham papéis centrais: o presidente da comissão, que define a condução dos trabalhos; o relator, encarregado de apresentar o parecer final; e os líderes partidários, que articulam os posicionamentos de suas bancadas.

Jean Castro ressalta que o governo precisará agir com estratégia na hora de indicar seus representantes na comissão, já que os impactos negativos para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) podem ser difíceis de mensurar. Embora o Executivo disponha de acesso a informações privilegiadas, capazes de fortalecer sua defesa, o andamento das comissões mistas costuma ser imprevisível, o que pode gerar surpresas ao longo da investigação.

A experiência brasileira com CPMIs mostra que o cenário pode mudar rapidamente: personagens inicialmente retratados como vítimas podem se tornar alvo das investigações — e o oposto também ocorre com frequência.

Castro reforça ainda que a etapa inicial dos trabalhos será crucial. É nesse momento que os temas centrais das apurações serão definidos, estabelecendo os rumos da comissão e influenciando diretamente sua evolução ao longo dos meses seguintes.