Em Alagoas, o gesto de plantar tem se transformado em prática institucional com impactos diretos na alimentação, saúde e bem-estar de milhares de pessoas. O Programa Hortas Urbanas, desenvolvido pela Secretaria de Estado do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos (Semarh), em parceria com o Programa Alagoas Sem Fome, já implantou 65 hortas no estado, transformando pátios, terrenos ociosos e espaços institucionais em hortas produtivas de alimentos frescos, plantas medicinais e oportunidades de aprendizado.

De acordo com o secretário de Estado do Meio Ambiente, Judson Cabral, o programa vai além da produção de alimentos. "O que plantamos não é só alimento: é autonomia, cuidado e oportunidade. Cada horta é uma pequena central de bem-estar que integra ações de alimentação, educação ambiental e assistência social", destaca.

O impacto das hortas é visível em várias áreas sociais. Muitos usuários afirmam que o contato com a terra tem efeitos terapêuticos, ajudando a recuperar rotinas e reduzindo o isolamento. Nilma Marques, de 71 anos, que frequenta a Pestalozzi - Unidade Maria Aparecida Cavalcante Cerqueira, ressalta: "Ajuda demais! Melhora a alimentação e é, acima de tudo, uma terapia. Mexer na terra me dá prazer e eu sempre aprendo algo novo."

Além do bem-estar individual, o programa também fortalece a troca de conhecimentos. A experiência de pessoas com vivência no campo se alia à orientação técnica da Semarh, que oferece oficinas sobre manejo, compostagem e produção doméstica. Essa complementaridade garante que as hortas se tornem práticas sustentáveis, replicáveis no dia a dia das famílias.

A colheita das hortas, aguardada com entusiasmo pelos participantes, é dividida entre os usuários e suas famílias, o que aumenta o acesso a alimentos frescos e estimula novos hábitos alimentares. "Virou um processo terapêutico: eles se envolvem tanto que já perguntam quando será a próxima colheita. Distribuímos os alimentos entre todos, e as famílias levam para casa, o que garante hortaliças frescas na mesa", explica Halanna Souto, assistente social da unidade.

Além do impacto na alimentação, as hortas têm um forte componente terapêutico. Para pessoas com fragilidades físicas ou cognitivas, o cuidado com as plantas funciona como uma atividade ocupacional que melhora a autoestima e fortalece a sociabilidade. O espaço também promove trocas intergeracionais, com jovens e idosos compartilhando técnicas e histórias, e aproximando pais, cuidadores e alunos por meio das oficinas.

A coordenadora do Programa Hortas Urbanas, Cláudia Almeida, destaca a ambição do projeto para os próximos meses. "Nosso objetivo é chegar a todos os municípios de Alagoas, seja em escolas, entidades ou comunidades. Já implantamos 10 hortas neste ano e nossa meta é alcançar 30 até dezembro. A consolidação do programa depende da formação de multiplicadores locais, capazes de garantir continuidade e autonomia às unidades."

Apesar dos avanços, ainda há desafios a serem enfrentados, como a manutenção regular das áreas, o controle de pragas, a formalização de circuitos para aproveitamento de excedentes e a articulação com áreas de saúde e assistência social para maximizar o potencial terapêutico. No entanto, a experiência tem mostrado que a aposta no programa é válida, e os relatos de melhorias na alimentação e bem-estar continuam a crescer.

Com o objetivo de promover segurança alimentar, educação e cuidado, o Programa Hortas Urbanas semeia não só hortaliças, mas também dignidade e esperança. As hortas se tornaram símbolos de transformação, levando alimento fresco para a mesa de quem mais precisa e oferecendo uma rotina de cuidado e autonomia.