Lideranças indígenas do estado denunciaram uma grave intensificação das atividades de garimpo ilegal na Terra Indígena Raposa Serra do Sol. Segundo o Conselho Indígena de Roraima (CIR), cerca de 500 garimpeiros atuam ilegalmente no território, utilizando explosivos, maquinário pesado e técnicas perigosas de extração, que estão causando devastação ambiental e colocando em risco a integridade das comunidades locais.

As denúncias mais recentes apontam que jovens indígenas estão sendo aliciados com promessas de pagamento, mas acabam submetidos a condições degradantes de trabalho, semelhantes à escravidão, para pagar dívidas contraídas com alimentação e equipamentos.

As comunidades mais afetadas são Napoleão, Tarame, Raposa I e Raposa II, localizadas no município de Normandia, e Urucá, em Uiramutã. A situação é considerada crítica pelas lideranças, que cobram ação imediata do governo federal para conter o avanço da destruição.

"Eles começaram com ferramentas manuais. Agora usam explosivos, compressores e bombas. O chão treme com as explosões, ninguém dorme mais tranquilo", relatou o tuxaua da comunidade Tarame, que preferiu não se identificar por segurança.

A Raposa Serra do Sol é a segunda maior terra indígena do Brasil em número de habitantes, conforme dados do Censo 2022 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). São mais de 26 mil indígenas dos povos Macuxi, Taurepang, Patamona, Ingaricó e Wapichana vivendo na região, que foi demarcada oficialmente por decisão do Supremo Tribunal Federal (STF).

Com cerca de 1,7 milhão de hectares, o território está localizado na tríplice fronteira entre Brasil, Venezuela e Guiana, abrangendo áreas montanhosas como a Serra de Pacaraima e o Monte Roraima. A geografia da região, rica em rios e minerais, tem sido alvo constante de ações ilegais de garimpeiros, que buscam ouro e outros recursos.