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Operação da PF desmantela quadrilha bilionária

Ex-mulher de empresário alagoano suspeito de esquema de mineração ilegal o chama de psicopata

Por Redação 22/09/2025 14h02
Ex-mulher de empresário alagoano suspeito de esquema de mineração ilegal o chama de psicopata

A Polícia Federal está investigando Alan Cavalcante do Nascimento, empresário alagoano de 42 anos, suspeito de liderar uma organização criminosa envolvida em esquemas ilegais bilionários de mineração em Minas Gerais. Segundo depoimento de sua ex-mulher, ele seria um "psicopata", manipulador e estrategista, com grande habilidade em se infiltrar em círculos de poder.

O empresário, que até 2010 nunca havia se envolvido com mineração, usava sua influência para se aproximar de figuras poderosas. Ele teria tentado criar laços com a secretária de Meio Ambiente de Minas Gerais, Marília Melo, pedindo à ex-esposa que se aproximasse da secretária e até brincasse com seus filhos. A tentativa de amizade, no entanto, foi interrompida quando Marília Melo começou a ser ameaçada por um dos membros do grupo, João Alberto, também envolvido no esquema.

Além disso, Alan era acusado de adquirir imóveis em locais estratégicos, como prédios e condomínios onde residiam juízes responsáveis por julgar casos de corrupção relacionados ao seu nome. Segundo sua ex-companheira, o empresário demonstrava um controle absoluto sobre os fatos, chegando a comentar que precisava morar no mesmo edifício de uma juíza para garantir sua impunidade.

Em depoimentos à Polícia Federal, ela revelou ainda como Alan escondia parte do dinheiro obtido com as atividades ilegais, colocando grandes quantias em bagagens e espalhando-as por apartamentos. Um deles, localizado em Alagoas, abrigou uma mala com cerca de 10 milhões de dólares.

Alan também era supostamente avisado com antecedência sobre as investigações da PF. Conversas obtidas pela Polícia Federal mostram que ele estava ciente de operações em curso, e que João Alberto, outro envolvido no esquema, recebeu instruções para destruir provas. "Queima aí, chefe. O advogado falou que tem que queimar isso aí", teria dito Alan, segundo o ex-deputado estadual João Alberto.

No último sábado (20), Alan, João Alberto e Helder, outro nome envolvido no esquema, foram transferidos para o presídio federal de segurança máxima em Campo Grande, em uma medida inédita, já que é a primeira vez que criminosos ambientais são levados a uma unidade desse tipo.

Alan tem uma vida de luxo e ostentação, com uma mansão de três andares em um condomínio de alto padrão em Marechal Deodoro, Alagoas. Conhecido por promover festas de alto custo, ele já organizou celebrações de Réveillon que contaram com até 500 convidados e atrações musicais renomadas, como o cantor Raí Saia Rodada. No entanto, seu passado profissional é bem mais simples. Até 2010, Alan se dedicava a atividades como corridas de motocross, festas em sua casa e até lecionava matemática.

Em 2023, ele chamou a atenção ao participar de um leilão promovido pelo jogador Neymar Jr., adquirindo itens de luxo do jogador pelo valor recorde de R$ 1,2 milhão, o maior lote do evento.

De acordo com as investigações, Alan e seu grupo corromperam servidores públicos em órgãos estaduais e federais de fiscalização ambiental e de mineração para obter licenças fraudulentas. Essas autorizações permitiram a exploração ilegal de minério de ferro, inclusive em áreas tombadas e próximas a zonas de preservação, o que acarretou danos ambientais graves e riscos de desastres sociais e humanos.

A Justiça Federal bloqueou R$ 1,5 bilhão relacionados ao lucro da organização criminosa. No entanto, foi identificado que o grupo tem projetos em andamento, com potencial econômico superior a R$ 18 bilhões, ampliando ainda mais as dimensões do esquema. A operação da PF segue em andamento, com o objetivo de desmantelar completamente a rede de corrupção e mineração ilegal que vinha causando sérios danos ao meio ambiente e à sociedade.

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