Alagoas

Substâncias químicas

Ufal: laudos apontam pesticidas como causa da morte de peixes na Lagoa Mundaú

Por Redação com Ascom/Ufal com Redação com Ascom/Ufal 18/03/2022 10h10
Ufal: laudos apontam pesticidas como causa da morte de peixes na Lagoa Mundaú
Pesquisador encontrou insenticida e raticida em amostras da lagoa - Foto: Ascom/Ufal

Os laudos divulgados pelo pesquisador Emerson Soares, da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), revelaram um nível preocupante de contaminação por substâncias químicas na Laguna Mundaú que representam riscos para o meio ambiente e para a saúde humana, no caso de ingestão de pescados oriundos da região onde foi verificada a mortandade de peixes. As amostras foram coletadas pelo pesquisador em local próximo ao Porto do Sururu, no dia 13 de março, após denúncias de pescadores da comunidade do Flexal, no bairro de Bebedouro.

Os dados foram analisados na Ufal pelos seguintes grupos de pesquisa: Laboratório de Aquicultura e Análise de Águas (Laqua), Laboratório de Sistemas de Separação e Otimização de Processos (Lassop), Laboratório de Instrumentação e Desenvolvimento de Química Analítica (Linqa) e Laboratório de Processamento Químico e Recursos Naturais (LPQRN). Entre as substâncias encontradas destacam-se “fluoroacetamida, inseticida e raticida, altamente solúvel em água e altamente volátil, moderadamente tóxica para os peixes e provocam altas taxas de mortalidade em animais”, revela o laudo.

Emerson Soares relatou que no Laboratório de Aquicultura e Análise de Águas (Laqua), que ele coordena, foram analisados 24 parâmetros físico-químicos, com resultados alterados para 15 desses itens. “Destes, o que mais chamou a atenção foi o manganês, que estava em concentrações entre 70 a 80 vezes acima do nível permitido. Essa substância provoca distúrbios motores e causa danos ao fígado dos peixes, também impede as trocas gasosas, assim os peixes não conseguem retirar o oxigênio da água”, explica o pesquisador.

O laudo conclui que “os peixes morreram por intoxicação química e orgânica, devido ao produto lançado, de forma intencional, por escape ou ainda por escoamento superficial”. Os pesquisadores sugerem “a realização de monitoramento do ambiente lagunar com vistas a saúde pública e qualidade e segurança alimentar, devido alguns índices elevados de mercúrio, manganês, potássio, BTEX (tolueno), bactérias e coliformes fecais encontrados no ambiente. Estes afetam e podem trazer graves danos à saúde da população”. Os laudos já foram enviados para o Ministério Público Federal (MPF) para que sejam tomadas as medidas cabíveis.

Sobre a ocorrência denunciada pelo professor Emerson Soares, quando foi impedido por seguranças de acessar as margens da laguna Mundaú na área mais próxima à base de extração de sal-gema da Braskem, o professor informou que a situação está sendo resolvida. “O reitor Josealdo Tonholo entrou em contato com a direção da empresa que se comprometeu a atender aos pesquisadores e pesquisadoras da Ufal que apresentarem identificação”, finaliza Emerson.

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