Alagoas
Donos de cães pit bull ignoram focinheira e raça aterroriza Garça Torta
Tutora de cadela atacada e morta no começo do mês denuncia que cachorros ferozes andam soltos na praia
Por mais que um cão de porte médio ou grande seja dócil em seu ambiente de convivência, criado pelos seus tutores com carinho e amor, ele pode ser um risco quando em locais abertos e se não estiverem com uma focinheira ou conduzidos com uma coleira curta como prevê a Lei Federal 2.140 de 2011 – lei da focinheira. Entre
outras coisas, a legislação obriga os proprietários de cães como pit bull, rottweiler, fila, pastor alemão, bull terrier, mastim napolitano, dobermann, bulldog e boxer só circulem em áreas abertas e públicas com os equipamentos.
Mas não é o que tem acontecido em cidades como Maceió e Arapiraca, capital e a segunda maior cidade de Alagoas. Em 1o de março, a cadelinha Frida foi atacada em uma barraca da praia de Garça Torta por um pit bull. O cãozinho chegou a passar por cirurgia, mas acabou não resistindo e falecendo dias depois do ocorrido.
O Em Tempo Notícias fez contato com a tutora do cão, a juíza Marina Gurgel. À reportagem, a tutora da cadela Frida afirmou que na praia de Garça Torta os donos de cães de porte médio e grande, nesse caso muitos pit bulls, não só não colocam focinheiras em seus animais como os deixam caminhando, soltos, na praia, como o que atacou e matou Frida.
“Não sei o que posso dizer, só que aguardo justiça. E que novos ataques sejam prevenidos pois a praia de Garça Torta está tomada por donos de cães de grande porte que acreditam que o local é o quintal de suas casas e que podem deixar os animais soltos, perturbar o direito de ir e vir das pessoas e gerarem sensação de insegurança”, revelou Marina, que preferiu não dar mais detalhes da circunstância da morte de sua cadela.
“Desculpe, mas no momento estou tentando reorganizar minha vida com minha família depois dos últimos acontecimentos”.
Moradores
Em Tempo Notícias tentou contato com moradores donos de animais de estimação de Garça Torta que pudessem falar sobre a situação descrita pela jovem que perdeu a cadelinha em um ataque de pit bull, mas não conseguiu. O caso de Frida não foi o primeiro em que um cão considerado feroz ataca um animal de estimação como a cadela morta no começo de março.
À época dos fatos, o delegado Leonan Pinheiro, responsável pela investigação, afirmou à imprensa que ouviria o tutor do pit bull. A reportagem chegou a fazer contato via rede social com Pinheiros, o delegado concordou em falar para atualizar a investigação, mas depois não atendeu mais ligações nem respondeu às mensagens nas redes sociais.
Arapiraca – Há duas semanas, a reportagem do Em Tempo Notícias se deparou com tutor de cão pit bull passeando com o cão, forte, e com cara de poucos amigos, sem focinheira e com uma coleira normal, longa, entre crianças, famílias e cães menores no Bosque das Arapiraca, onde, diariamente, centenas de pessoas fazem suas atividades físicas ou simplesmente sentam para conversar e passar o tempo.
Ao abordar o dono do pitibull sobre a necessidade de utilizar focinheira para andar com um cão daquele tipo em lugar público, o rapaz devolveu a indagação afirmando que como o repórter ainda não havia sido mordido, não
tinha o que dizer nem reclamar.
Mais à frente, um grupo de mães com seus filhos estava em pânico com a presença do pitbull tão próximo e sem segurança quase nenhuma caso quisesse atacá-las.
OAB: falta formação cultural aos donos de cães de grande porte
“A Lei 2.140 de 2011 é clara sobre a exigência de uso da focinheira e coleira curta para os cães de médio e grande porte. Infelizmente, e isso não é um problema só de Maceió e Alagoas, mas nacional, falta cultura para que quem possui um cão considerado grande, que se morder outro animal ou uma pessoa, pode machucar bastante ou até morrer, de que essa pessoa, se não tomou as medidas de seguranças previstas na legislação, será responsabilizada na Justiça”. A avaliação foi feita ao Em Tempo em Notícias pela presidente da Comissão do
Bem-Estar Animal da Ordem dos Advogados do Brasil em Alagoas (OAB-AL), Adriana Alves.
A comissão é recém-empossada pela nova diretoria da OAB-AL, os membros estão sendo nomeados, mas Adriana afirmou que a pauta de segurança de pessoas e animais está na agenda da comissão para campanhas, fiscalização e busca de entendimento para que a lei seja cumprida. Ela também atribuiu ao não cumprimento a legislação por parte da população à falta de consciência
“A lei precisa ser cumprida porque não cabe mais o argumento dos donos de cães dessa natureza não usarem os equipamentos, alegando que seus cachorros, apesar de potencialmente ferozes, são dóceis. É preciso, nesse caso, levar em conta os fatores externos quando os animais deixam sua rotina, porque isso pode fazer mudar comportamento e reação do animal”, explicou a presidente da Comissão do Bem-Estar Animal da OAB-AL.
Veterinária: mesmo dócil, não se pode ignorar predisposição genética de cães
Na profissão há 12 anos, a veterinária Ana Cecília Pires também conversou com o Em Tempo Notícias a respeito do não cumprimento da lei da focinheira e a experiência dela em clínica e atendimento domiciliar que faz em
Maceió.
Para a profissional, por mais que o cão seja dócil dentro de casa, com gato, e que a criação dada pelo dono seja exemplar, quando saem às ruas, não se pode nunca esquecer a predisposição genética de um cão cuja raça é considerada mais agressiva.
“Não há como andar por espaços públicos, com outros cães e pessoas, com cachorros de porte grande, com poder de mordida que pode matar tanto outro animal como até uma pessoa. Por isso, na minha prática de clínica e atendimento com donos de cães desse porte, sempre faço a orientação para que a focinheira seja utilizada. Mas, infelizmente, quando saem da clínica ou quando os deixo após a consulta, não sei como os donos de cães vão escutar a orientação e respeitar a legislação”, destacou Ana Cecília.
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