Alagoas
Projeto ajuda crianças e adolescentes a compreenderem o que é violência sexual
Com o afastamento de crianças e adolescentes da escola, devido à pandemia da Covid-19, uma triste realidade se impôs: somente nos três primeiros meses de 2021 foram registrados 211 casos de violência sexual contra menores de idade em Alagoas, segundo dados da Secretaria de Prevenção à Violência (Seprev). E nesse contexto, uma parceria entre o curso de Psicologia do Centro Universitário Tiradentes (Unit/AL) e a Rede de Atenção às Vítimas de Violência Sexual (RAVVS) surgiu para ajudar esses jovens a compreenderem o tema.
O projeto “Não mexe comigo, que eu não ando só” surgiu no fim de 2021 e seguiu com uma nova roupagem em 2022, mas o propósito continua o mesmo: capacitar multiplicadores do estágio básico de Psicologia Escolar para que esses alunos possam ser preparados na temática da violência sexual, psicológica e o bullying.
Camille Wanderley, coordenadora do RAVVS e professora da Unit/AL, explica que esses alunos, antes de atuarem nas escolas, passam por um treinamento sobre o que é violência, qual é o cenário e perfil epidemiológico dela no Brasil e em Alagoas, além de como as violências se apresentam na sociedade e de que forma o profissional da psicologia pode realizar intervenções dentro do ambiente escolar.
“A partir do momento em que nós entramos na escola, que é o segundo ponto social de apoio para os jovens, possibilitamos a revelação de segredos que permeiam a violência dentro do ambiente da família. Assim, conseguimos proporcionar à eles esperança, com toda uma articulação dentro da rede intersetorial no próprio contexto escolar, levando as temáticas para serem discutidas em oficinas, envolvendo os conselhos tutelares e as demais áreas necessárias para assegurar o sistema de garantia de direito das crianças e dos adolescentes.” explica Camille.
Impacto positivo
Pedro Henrique Barros está no 9º período de Psicologia e, para ele, participar do projeto traz conhecimentos que levará para toda vida, além de ajudar a lidar com algumas situações e saber trabalhar os assuntos que o psicólogo escolar poderá encontrar no ambiente de trabalho.
“No campo de estágio dos alunos do básico, pudemos ver a realidade que era apresentada nos treinamentos e a diferença de realidade entre os alunos do estágio e os das escolas públicas. E com esse projeto, podemos ressaltar a importância desse assunto ser discutido com alunos e o corpo docente. Esse é um tema pouco falado e de extrema necessidade de discussão”, finaliza Pedro Henrique.
Segundo Camille Wanderley, esse é um dos impactos positivos para os alunos, pois a vivência prática possibilita que o aluno se atente para lidar com a violência, que é um fenômeno extremamente complexo e multifatorial e que, na maioria das vezes, não é mostrado de forma direta dentro dos conteúdos das grades curriculares. Além disso, os alunos conseguem transitar dentro das diversas políticas públicas não só da saúde, como também da assistência e da educação.
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