O envelhecimento da população brasileira é um processo inevitável e, para a maior parte das pessoas, desejável — viver mais, mantendo autonomia, segurança e bem-estar. No entanto, a velocidade com que essa transformação demográfica vem ocorrendo no país, especialmente nos estados do Nordeste, tem superado a capacidade de adaptação dos sistemas públicos de saúde e assistência social.

Os dados do Censo 2022 reforçam esse cenário: pessoas com 60 anos ou mais já representam 16% dos brasileiros. A projeção é que, em 2030, esse percentual se aproxime de 20%, o equivalente a uma em cada cinco pessoas. E a tendência segue em ascensão. Em 2045, estima-se que quase 30% da população será idosa. Sem uma rede estruturada, o resultado é um aumento considerável da demanda por cuidados contínuos, manejo de doenças crônicas, atendimento às síndromes demenciais, suporte para fragilidade física, além da ampliação de serviços domiciliares e instituições de longa permanência.

Nesse contexto, os municípios e, em especial, a Atenção Primária à Saúde (APS) assumem papel estratégico. O fortalecimento da Estratégia de Saúde da Família, que já conta com diretrizes para ampliar cobertura e qualificar a coordenação do cuidado, é apontado como essencial para uma política de envelhecimento saudável. É na APS que se torna possível identificar riscos precocemente, acompanhar pacientes com condições crônicas de forma contínua, articular atendimentos com serviços especializados e oferecer suporte direto a cuidadores e famílias no ambiente doméstico — reduzindo internações e aumentando a qualidade de vida dos idosos.

Para aprofundar esse debate e orientar gestores, o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) e a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) promovem, no dia 9 de dezembro, em Brasília, um seminário voltado a prefeitos e secretários municipais de saúde. O encontro terá como tema “Financiamento Público da Saúde e Envelhecimento Populacional do Brasil” e busca discutir caminhos sustentáveis para o enfrentamento dos desafios que se intensificam com a nova composição etária do país.

As inscrições estão abertas, são gratuitas e podem ser realizadas por meio do site da AMA. O evento contará com participação presencial e também transmissão ao vivo pelo canal da Fiocruz no YouTube, ampliando o acesso aos gestores interessados. A inscrição também pode ser feita diretamente pelo link: https://cursosqualificacao.campusvirtual.fiocruz.br/hotsite/transicaodemografica/.