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Dia da Cardiopatia Congênita: problema no coração é causa frequente de óbitos entre bebês

Por Redação com Assessoria 11/06/2022 14h02 - Atualizado em 11/06/2022 19h07
Dia da Cardiopatia Congênita: problema no coração é causa frequente de óbitos entre bebês



Correr, andar de bicicleta e brincar por horas com os amigos... atividades como estas, comuns para os pequenos, podem entrar na lista de restrições de crianças cardiopatas, a depender da gravidade do caso. De acordo com as estatísticas, cerca de 10% dos bebês nascidos vivos no Brasil são acometidos por algum tipo de cardiopatia, uma incidência considerada elevada entre a comunidade médica. Os dados mostram ainda que 30% dos óbitos no período neonatal, que vai desde o nascimento até o 28º dia de vida, são ocasionados por problemas no coração.

Para que esse índice diminua, o caminho necessário é a conscientização. A partir dela, outras medidas poderão ser adotadas e os quadros revertidos. Por isso, desde 2012, foi instituído no Brasil o Dia de Conscientização da Cardiopatia Congênita, celebrado em 12 de junho.

Para a coordenadora médica da Casa do Coraçãozinho, a cardio pediatra Maria Goretti, medidas como procedimentos rigorosos de exames cardiológicos nos pré e pós natais, instituídos nas unidades de saúde e nos hospitais, ampliação de leitos nos centros especializados e ainda a criação de novos centros de atendimento em cardiopatia congênita, podem contribuir para mudar essa história. “A população precisa ser alertada sobre os fatores de risco relacionados aos defeitos no coração. Precisa receber informações sobre diagnósticos, tratamento, centros especializados, e estar ciente dos cuidados que o bebê com cardiopatia congênita precisa. Por isso, essa data deve ser instrumento de conscientização para que as informações cheguem ao maior número possível de pessoas, ampliando as chances para mais e mais crianças conseguirem o tratamento necessário”, diz Dra Maria Goretti.

“Estima-se que nasçam, por ano, 28 mil crianças com alguma cardiopatia congênita no Brasil. Porém, aproximadamente 18 mil delas (78%) não recebem tratamento ou por falta de diagnóstico ou por falta de vagas na rede pública de saúde, fazendo com que esse número aumente a cada ano, elevando as taxas de mortalidade para esse grupo de pacientes”, pontua a médica.

*SINAIS QUE PODEM IDENTIFICAR UMA CRIANÇA CARDIOPATA*

A cardio pediatra explica que o diagnóstico é principalmente clínico, através dos sinais e sintomas da criança e com exames complementares, principalmente o ecocardiograma, e deve ser feito o mais cedo possível, para que haja tratamento adequado em tempo hábil.

“Devemos ficar atentos aos sinais e sintomas mais frequentes, como boca, pés e mãos com coloração arroxeada, extremidades frias, pele pegajosa, baixo ganho de peso, sudorese profusa ao mínimo esforço, palidez ao chorar, perda de consciência e respiração ofegante. Na ausculta, há sopros e taquicardia”, explica a Dra Maria Goretti.

“O exame mais importante para confirmação ou detecção de cardiopatia congênita é o ecocardiograma que pode e deve ser feito desde a vida fetal e após o nascimento do bebê. Na vida fetal, deve ser realizado entre 24 e 28 semanas de idade gestacional, e deveria fazer parte dos exames pré-natal. Infelizmente na rede SUS, não existe disponível para todas as gestantes, sendo encaminhadas para a Casa do Coraçãozinho somente as gestantes que tenham alteração no ultrassom obstétrico ou indicação como diabetes, viroses, doenças autoimunes, lesões extracardíacas, hipertensão arterial sistêmica, polidrâmnio, oligodrâmnio, alterações de ritmo cardíaco fetal, etc.”, enfatiza a médica.

“É importante salientar que o diagnóstico precoce de doenças cardiovasculares não elimina suas possibilidades de tratamento, mas pode reduzir significativamente as taxas de morbidade ou mortalidade, garantindo aos pacientes qualidade de vida a partir dos tratamentos adequados e assistência necessária. Nesse viés, torna-se relevante considerar que exames como ultrassonografia e ecocardiograma fetal sejam inseridos nos programas de triagem durante a gestação, independente de fatores de risco, possibilitando a condução mais assertiva para cada caso, evitando negligências ou maiores morbidades provenientes de diagnóstico tardio, visando a todo momento qualidade de vida”, frisa a cardio pediatra.

*O TESTE DO CORAÇÃOZINHO*

Desde 2014, foi implantada pelo Sistema Único de Saúde (SUS), a obrigatoriedade do teste do coraçãozinho em todos os recém-nascidos. O teste serve para detectar, através do oxímetro, nas primeiras 48 horas de vida, a quantidade de oxigênio que circula no sangue.

O teste do coraçãozinho tem como objetivo identificar alguma alteração e, a partir dele, o recém-nascido pode precisar passar por exames complementares para fechar o diagnóstico de cardiopatia.

Em Alagoas, a Cordial Sociedade Beneficente do Coração foi a responsável por capacitar os profissionais das maternidades para a realização do teste.

*A CASA DO CORAÇÃOZINHO*

Em funcionamento há quase seis anos, a Casa do Coraçãozinho é o centro de referência em cardiopatia congênita de Alagoas. A Casa atende 100% pelo SUS e é fruto de uma parceria público-privado firmado entre o Governo do Estado e o Hospital do Coração de Alagoas, através da Cordial Sociedade Beneficente do Coração de Alagoas.

A Casa do Coraçãozinho é uma expansão do Projeto Coraçãozinho, Serviço Estadual de Cardiopediatria em Alagoas e realiza consultas, exames e acompanhamento ambulatorial clínico e cirúrgico das crianças cardiopatas. Além disso, conta com uma estrutura composta por consultórios médicos, brinquedoteca, área de treinamento para pediatras e cardiopediatras, um auditório onde são realizados programas de educação continuada em medicina e um espaço de acolhimento para que as famílias do interior possam, quando precisar, ter um local para se acomodar próximo ao paciente.

Na Casa do Coraçãozinho é oferecido tratamento integral e humanizado através de uma equipe multiprofissional composta por cardiologistas, pediatras, psicólogos e assistentes sociais, entre outros profissionais a serviço da população carente de Alagoas.