É SOBRE ISSO

* Este texto não reflete necessariamente a opinião do Em Tempo Notícias

Presença dos pais contribui com sentimento de segurança em mães e filhos, afirma pesquisa

Psicóloga sugere mudança cultural para que a paternidade ativa seja cada vez mais comum de ser vista em sociedade

Por Redação 11/08/2022 17h05
Presença dos pais contribui com sentimento de segurança em mães e filhos, afirma pesquisa

A figura do pai provedor, que participa da vida dos filhos apenas ou majoritariamente como meio de sustento financeiro, há muito já não representa os anseios de várias famílias. Estudos comprovam que a paternidade ativa – quando o pai contribui com a presença e afeto no seio familiar, contribui positivamente na formação dos filhos, na relação conjugal e na própria vida desse pai, seja na esfera doméstica ou na profissional.
Uma pesquisa realizada pela Universidade de São Paulo (USP), em 2017, apontou que a paternidade ativa contribui para uma maior autoestima e melhor desempenho escolar das crianças; com uma melhor relação conjugal, já que as mulheres se sentem mais apoiadas e conseguem se dedicar à própria carreira; e, para os pais, representa maior satisfação e realização profissional.
O músico Júnior Almeida comprova os benefícios que a paternidade lhe trouxe. Pai de três filhos, um de 33 anos, outro de 30 e um de 17, Júnior afirma que se sentiu mais feliz após se tornar pai, que ser pai é uma das coisas que mais lhe trouxe alegria e que também contribuiu para que ele se tornasse uma pessoa melhor.
“Após ser pai, acho que aprendi, e tenho aprendido o tempo todo, mas o que mudou muito foi a questão de que entra ali algo que você precisa se concentrar, a partir daquele momento você tem uma responsabilidade imensa, está criando uma pessoa, isso muda tudo e você não está mais sozinho, sozinho no sentido de que não é só você”, conta.
Apesar do senso de responsabilidade que a paternidade lhe deu, Júnior ressalta que gosta de ser pai, de ser presente na vida dos filhos e que isso é algo natural seu, independente do que esperam dele como pai.
“Eu me esforço para sempre que possível me adaptar, ser presente. Meu filho de 17 anos mora comigo e, mesmo com a minha separação com a mãe dele, terminou que tenho com ele esse tipo de relação, da coisa do dia a dia, de acordar junto, de participar dos primeiros movimentos. Essas coisas eu acho fantásticas”, frisa.
Ele acredita que o fato de ter perdido o pai muito cedo tem refletido na forma como ele exerce a paternidade, que talvez seja uma forma que ele tenha encontrado, inconscientemente, de lidar com a falta do próprio pai.
Importância da presença para o desenvolvimento dos filhos
A psicóloga e docente do Centro Universitário Tiradentes (Unit/AL) Raquel Pedrosa reforça o que a pesquisa divulgada pela USP apontou, que a paternidade ativa ajuda no bom desenvolvimento psicológico da criança, para que ela se torne um adulto seguro e com maiores chances em ser bem sucedido em várias áreas da vida. Além disso, ela expôs quais problemas podem vir com a ausência paterna.
“A ausência paterna na vida da criança pode ser percebida em problemas comportamentais já na pré-escola e podem se manter ao longo de toda a vida escolar. Isso pode incluir comportamentos agressivos, baixo rendimento escolar e até problemas no desenvolvimento emocional e social da criança”, cita.
Ela também diz que a ausência paterna não necessariamente irá gerar problemas comportamentais quando as crianças se tornarem adultos, mas que ela contribui para adultos mais suscetíveis à depressão, transtorno de ansiedade, envolvimento com álcool e outras drogas, além de relacionamentos interpessoais mais fragilizados. Como forma para que filhos, mães e pais possam lidar com a ausência, ela indica a psicoterapia para que todos possam enxergar maneiras de lidar com as próprias dificuldades.
“Ser um pai ativo é algo que se aprende no berço, vendo os exemplos no seu contexto. Mas, acho que a mudança precisa ser cultural, começando pela igualdade de gênero. Porém, a curto prazo, como o trabalho ainda é um dos grandes obstáculos para essa presença, um ponto de partida seria sensibilizar as empresas no aumento da licença paternidade e outros benefícios que possam viabilizar a proximidade entre pais e filhos”, sugere a psicóloga.