TRATAMENTO IGUAL PARA TODO MUNDO NA FISCALIZAÇÃO
Conceder às forças armadas acesso diferenciado ao processo do voto eletrônico, ou qualquer outro formato do votar, é algo ilegítimo e ilegal. Nenhuma instituição pode se diferençar das demais e tentar impor suas vontades e caprichos à Justiça Eleitoral – e é isso o que o segmento fardado bolsonarista está tentando fazer por orientação de seu “comandante supremo”.
Resistir é preciso, mais que isso, é indispensável que a Justiça Eleitoral vença essa pressão dos militares/militantes bolsonaristas. Sugestões são bem-vindas, mas é inegociável o acesso privilegiado de elementos estranhos ao TSE e TREs aos mecanismos das urnas eletrônicas. Esse acessar precisa se ater ao determinado pela lei e pelas normas eleitorais, sem privilégios. Jair Messias e seus partidos têm todo acesso à fiscalização das urnas, como sempre tiveram, e essa pretendida boca-de-urna militar é um abuso.
Imaginem um general Pazuello mexendo nas urnas eletrônicas! O método escrutinador militar-bolsominion pode ser conferido no comício em Brasília, 7 de setembro, quando um coronel interrompe o locutor quando falava em “100 mil pessoas presentes” e o manda dizer que “tem um milhão!”; assustado, o apresentador tenta corrigir: “Aqui na minha frente 100 mil, mas em toda a Esplanada, chegou os dados (sic), 1 milhão de pessoas!!”. Vídeo disponível na Internet, podem auditar.
A cada pesquisa que Jair não sobe, sobe a pressão bolsonazi sobre as urnas eletrônicas e a turma do “manda quem pode, obedece quem não tem juízo” cutuca o TSE com a ponta da baioneta. Essa gente, fã incondicional dos Estados Unidos, do Reino Unido e dos demais exemplos de civilização capitalista avançada, será que, alguma vez, ouviu falar que as forças armadas americanas, ou britânicas, ou suíças, ou australianas, vieram a pressionar os sistemas eleitorais de seus respectivos países?
Republiqueta de bananas é onde a tradição é de interferência militar nas eleições, coisas do Haiti de Papa Doc ou Uganda de Idi Amin ou da nossa latino-americana banda podre com seus Pinochet, Somoza, Stroessner e tantos homens brancos trajados de verde. O Brasil precisa ficar independente dessa fantasmagoria, que vira e mexe, retorna a assombrar a Nação como uma versão criminalizada do romance “Incidente em Antares” (Érico Veríssimo, 1971). O vezo militarista brasileiro tem que descansar em paz de uma vez por todas. Amém.
NOTAS
# Mais uma vez, a covardia e misoginia bolsonarista atinge a jornalista Vera Magalhães, desta vez vítima de um ataque de um deputado paulistano.
# Douglas Garcia, deputado, atacou Vera Magalhães nos bastidores de um debate entre os candidatos ao governo paulista, anteontem, na TV Cultura.
# O também jornalista Leão Serva interveio, tomou e arremessou longe o telefone do meliante (que gravava a própria agressão à jornalista). Parabéns!
# Em Alagoas, a briga mais intensa continua sendo travada entre as 2ª e 3ª posições na disputa pelo governo do Estado. No mais, tudo tranquilo.
HOJE NA HISTÓRIA
15 DE SETEMBRO DE 1835 – A bordo do barco HMS Beagle, Charles Darwin, aos 27 anos de idade, chega às Ilhas Galápagos, arquipélago com 58 ilhotas situado a cerca de mil quilômetros da costa do Equador. O cientista lá permaneceu por 35 dias, estudando a vida animal nessa região isolada no Oceano Pacífico, e foi juntando as peças de um fantástico quebra-cabeças sobre a evolução dos seres vivos, e muitos anos depois, em 1859, publicou o clássico “A origem das espécies”, desmistificando as lendas sobre a criação da vida no nosso planeta e apresentando suas teses científicas sobre a seleção natural e sexual na evolução. Enfrentou dura pressão, mesmo perseguição, por contestar os dogmas religiosos sobre a origem divina da humanidade e da vida no geral e, ainda hoje, em pleno século XXI, suas descobertas são combatidas ferozmente pelos chamados “criacionistas”. Até 1925 o ensino das teorias darwinistas era proibido por lei nos Estados Unidos, e no Brasil cresceu, nos últimos anos, as estupidezes anticientíficas do tipo anti-Darwin, inclusive o patético terraplanismo.
* Este texto não reflete necessariamente a opinião do Em Tempo Notícias
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