A MEMÓRIA DA DEMOCRACIA CONTRA A SAUDADE DA DITADURA
A frente ampla política formada em torno de Lula & Alckmin é sem precedentes em quaisquer eleições brasileiras e, nas ruas, só encontra dimensão parecida na grande jornada pelas Diretas Já, em 1984. Nem Tancredo Neves conseguiu tamanha amplitude em sua candidatura à presidência no ano seguinte, 1985. Todas as mais expressivas personalidades políticas, culturais, intelectuais, estão reunidas em torno do 13 neste segundo turno.
No outro lado, a falange do atraso, da violência e do obscurantismo conseguiu arregimentar quase metade do eleitorado brasileiro, dando feição de massas a um ideário de extrema-direita, só comparável, no passado, à ascensão do nazismo na Alemanha e/ou do fascismo na Itália. Ao lado do mito estão as mais tonitruantes vozes em desprezo das questões sociais, culturais, ecológicas, humanitárias e democráticas.
Lula é a memória da democracia, reunindo ex-adversários como Sarney e Fernando Henrique, este o presidente que conseguiu estabilizar a moeda e aquele o presidente que iniciou o período democrático depois de 21 anos de ditadura. Lula, Sarney, FHC, Alckmin, Serra, Simone, Dilma, Marina, Ciro, Almoedo, bateram-se em disputas presidenciais, polemizaram em torno das melhores propostas para o Brasil, e neste domingo vão às urnas para votar no mesmo número, 13, pela manutenção da Democracia. E isso é um fato notável, histórico, que fez falta na Alemanha de 1933 e na Itália de 1922.
O mito é a saudade da ditadura. Dois ex-presidentes do ciclo democrático estão do lado de lá, Collor e Temer. Mas o miliciano candidato à reeleição não os valoriza, sequer os cita de passagem. O capetão, em verdade, se desmancha de paixão por personagens covardes e criminosos como o torturador Ustra, a quem promoveu postumamente “marechal”. O miliciano da faixa, em toda sua carreira política, sequer destacou quaisquer dos presidentes-generais do ciclo de 1964, pois seu foco é o porão, recanto mais indigno das ditaduras de todos os tipos e ideologias: a tortura, a desumanidade. Esse mito é o lixo da história.
Não alimente o fascismo, pois ele se alimentará de você. No dia 30, vote em quem preza pela democracia, quem atende as decisões judiciais; vote em quem respeita o ser e as diversidades humanas; vote em quem tem preocupações sociais, ecológicas, culturais, educacionais. Vote em quem defenda a vida e não comemore a morte.
NOTAS
# A pressão bolsonarista em bases sociais como empresariado e classe média é terrível, e para escapar aos “linchamentos” é-se preciso declarar o voto.
# Chega a ponto que familiares e sócios têm de prestar contas de quem vota no coiso ou não, para evitar perseguições dos bolsominions radicais.# Ao votar não se esqueça que, se reeleito, o meliante da faixa vai cortar os reajustes de aposentadorias, pensionistas, e do salário-mínimo.
# Paulo Guedes negou, o que corresponde – pelas mentiras contumazes – que aposentadorias, pensões e salário-mínimo vão pro freezer se o coiso jair ficando.Recomendação
“A Ascensão e Queda do III Reich” é uma obra antológica, escrita por W. L. Shirer, em quatro volumes, cuja primeira edição se deu em Nova Iorque, em 1960. Em 1962 foi editada no Brasil pela Editora Civilização Brasileira, em tradução de Pedro Pomar. William Lawrence Shirer (1904/1993), intelectual americano, foi jornalista e historiador, trabalhou como correspondente na Europa desde 1925 e acompanhou de perto os acontecimentos que retratou em seu livro. Entre a ascensão e a queda, o III Reich promoveu a II Guerra Mundial, matança que, pelas contas do site segundaguerra.org, produziu “um total de 85 milhões de mortos (...), onde mais de 50 milhões foram civis”. O vírus do nazifascismo, entretanto, nunca foi totalmente erradicado. Pedro Pomar, comunista, tradutor da obra, foi assassinado pela ditadura militar (de inspiração fascista), em 16 de dezembro 1976. Como são quase 1.800 páginas no total, a sugestão é votar logo 13 no dia 30, para barrar a ascensão dos reich-milicianos, e depois ler o livro com calma e liberdade.
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