Tic Tac Tic Tac / Por Enio Lins

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Bananinha e a irracionalidade antidemocrática bolsonazista

Por Enio Lins 02/12/2022 08h08
Bananinha e a irracionalidade antidemocrática bolsonazista

Seria coisa de somenos importância per si, mas merece atenção redobrada a escapulida do famigerado Dudu Bananinha, o tal zero-três, para o bem-bom no Qatar, enquanto a torcida patriotária se lasca defronte aos quartéis.

Dudu Bananinha se evadiu das zonas de mimimi contra a derrota do pai, o meliante zero-zero, e foi curtir a Copa. Qual o problema disso? Só um: As tropas patriotárias, organizadas e incentivadas pela familícia Bozonazi, estão relinchando e dando coices em frente aos quartéis e tumultuando nas estradas há 32 dias, sem intervalos, levando chuva e sol. E alguém (quem??) passou para essa boiada a ordem-unida de que ficasse firme no posto e não podiam sequer torcer para a seleção brasileira!! Aí, do nada, aparece o zero-três, sorridente e enganchado com uma bela moça (esposa dele, se supõe), a 11.690 quilômetros de sua base de luta, a Câmara dos Deputados.

Aí a merda virou boné verde-amarelo. Bananinha foi descascado pelo esgoto bolsominion, e para tentar fugir da bananosa, deu a seguinte justificativa: tinha ido até o Qatar para levar uns pen-drive com relatórios sobre “a bagunça que está o Brasil hoje”. Ora, a internet deixou de funcionar? E, se era para divulgar, pra que viajar em segredo? Uma imbecilidade sem tamanho. E o pior, o mais ridículo e dramático, é que existe quem acredita nessa “explicação”.

Esse fato patético tem seu perigo, pois comprova a alienação radical que atinge uma parcela considerável do povo brasileiro. É fato que o gesto do Bananinha gerou alguma revolta no rebanho, mas os poucos mugidos não demonstram nada além de chateação com o tour de zero-três; a maioria esmagadora do gado, em relação a essa prova de picaretagem política da liderança, apenas tuge dentro do curral.

Defronte aos quartéis seguem montados os circos pró-ditadura e, em vários pontos estradas Brasil afora continuam atuantes os bloqueios terroristas, causando prejuízos e afrontando abertamente a Lei e a Ordem. Bloqueios esses que contam com a leniência, quando não apoio, de parte das autoridades policiais. Assim, o crime organizado avança, alardeando sua disposição de desrespeitar o resultado das eleições presidenciais de 2022.

Nesse cenário bizarro, a ida de um membro da família irreal à Copa do Mundo revela mais um pouco sobre a política de pantomimas, a decadência moral, a irracionalidade, além do vezo antidemocrático que contamina significativa parcela do eleitorado brasileiro.