O RUGIR DO RATO
Mais uma vez, o futuro ex-ministro Paulo Guedes - um dos mais tóxicos integrantes do desgoverno federal - estaria ameaçando deixar o País, pelo que informou a coluna de Bela Megale, n’O Globo. Não é a primeira vez que o “Tchutchuca dos banqueiros” aventa essa possiblidade como "ameaça”.
O Tigrão quer intimidar a quem com esse miado? Não pode ser a imensa maioria do povo brasileiro que se lascou como nunca, com a fome voltando a grassar e atualmente atingindo a 30 milhões de pessoas. Não pode ser a indústria nacional, que que caiu 22,5% em relação ao pico de 2013. Não pode ser aos aposentados e às aposentadas, que foram garfadas pela reforma inventada pelo próprio Guedes.
E por falar em reforma da Previdência, naquela ocasião o Tigrão ameaçou também em sair do País caso o seu pacote de maldades não fosse aprovado. Ameaçou, mas a aprovação foi garantida mesmo pela liberação de verbas a mancheias para as bancadas governistas, conforme amplamente denunciado, em julho de 2019. Nem ali, no começo do desgoverno do Jair, a ameaça de deserção do Guedes surtiu efeito e, sim, funcionou a mala preta.
Essa empáfia toda, o vezo de ameaçar, é boçalidade própria do bolsonazismo. Reproduz a vaidade infundada e exacerbada, a presunção de um ex-capitão que se tranca por mais de 30 dias para chorar porque perdeu uma eleição. Valentia de araque, incapaz de enfrentar a vida e suas dificuldades, e que se autoalimenta da arrogância patriotária.
Paulo Guedes quer ir embora? Então vá a mais de mil. Faça como a ex-ministra Zélia Cardoso de Mello, que decidiu ir e foi mesmo, sem mimimis. E olhe que a ex-ministra do Plano Collor, mesmo com todos os problemas econômicos e financeiros daquele período, tem mais relevância para a história da economia brasileira que o “Posto Ypiranga do Jair”.
O déficit público a ser deixado pelo Tigrão se anuncia sem precedentes, assim como o desmonte do patrimônio nacional. E nem se avaliou ainda a extensão das perdas sofridas pelo Brasil nas piratizações cometidas desde 2019. Especialmente merecem atenção a venda da Refinaria de Manaus e seus ativos logísticos para a empresa Ream Participações, negócio anunciado no dia 30 de novembro, e a tentativa de venda da Refinaria Gabriel Passos, em Minas Gerais, negócio cancelado em 24 de novembro. Tem muito mais coisa, escândalos a dar com pau, mas o espaço aqui não comporta.
Tigrão ruge para ser tratado como Tchutchuca e para que alguma portinhola de acesso ao erário possa lhe ser reaberta. Aí ele faz ronrom e fica.
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