Eram uma vez os arraiais, as fogueiras e o forró
Encerra-se hoje o Ciclo Junino, período de comemorações pelo Solstício de Inverno, com cada vez mais gente na pândega e cada vez mais gente sem saber o que está festejando, o porquê e o “para que” disso. Virou simplesmente um negócio milionário para alguns.
Ciclo é uma série de fenômenos que se repetem de forma constante. Junino vem de Juno, deusa romana (consorte de Júpiter), solstício é o ponto do movimento cíclico celeste onde a terra está mais distante do sol, pândega é uma festa pagã. Oquei.
Mais arraigado no Nordeste brasileiro, esse ciclo festivo é produto das velhas tradições populares europeias trazidas pelo colonizador pobre, que aqui se juntou com as excluídas culturas nativas e as importadas d’África – e daí saiu esse forrobodó.
Certamente já chegou como festa absorvida e apadrinhada pela igreja católica que, assim como no Natal, cristianizou um evento pagão, substituindo Juno pela tríade Santo Antônio, São João e São Pedro. Mas não foi possível mudar o nome, nem certos rituais.
Das antigas raízes, ficaram por longo tempo os sortilégios típicos do período, como os rituais pró-casamento, normalmente praticados pelas mulheres solteiras, e que, por pressão católica-romana, trocaram Juno (deusa casamenteira pagã) por Santo Antônio.
São João, ali no meio do calendário da festa, assumiu a denominação do ciclo, ou melhor – dividindo com Juno, pois “Festas Joaninas”, se foi tentado vernaculamente, não pegou. No Nordeste ancestral essa festividade foi ficando, mas está se transformando.
As fogueiras lembravam as referências pagãs das festas solsticiais europeias e aqui, no hemisfério Sul, eram acesas cerimonialmente e corretamente no solstício de inverno. Só que na calota Norte, isso acontecia no final do ano, pela inversão das estações.
Quase desapareceram as fogueiras juninas, pressionadas pela urbanidade (colocar fogo no asfalto não dá, né?) e pelas justas preocupações ecológicas – cuidados com os incêndios, né? Residualmente, apenas resistem, até nas urbes, típicas como as chuvas do período.
Estão desaparecendo também as características culturais miscigenadas que marcaram o ciclo junino forrozeiro até o começo do século XXI, e que no cadinho ancestral de raças e ritos se mantiveram fortes, por séculos, nesse Nordeste que já foi profundo.
Nos dias em curso o Ciclo Junino se transforma em um período raso de celebração de grandes negócios da indústria de entretenimento. Abandonadas as raízes, vale apenas um casamento: circulação de milhões de reais (para poucos) + ajuntamento de multidões
29 DE JUNHO NA HISTÓRIA
Em pé: Djalma Santos, Zito, Bellini, Nílton Santos, Orlando e Gilmar; agachados: Garrincha, Didi, Pelé, Vavá, Zagallo e Mário Américo (massagista); no destaque, Vicente Feola (técnico)29 de junho de 1958 – O Brasil, finalmente, vence sua primeira Copa do Mundo, derrotando na finalíssima o time da casa, a seleção sueca, por 5 x 2.
Final disputada no Estádio Rasunda, em Solna, comuna no condado de Estocolmo. Sobre a partida, relata a Wikipédia: “[até hoje é] a única vez que uma equipe europeia não conquistou uma Copa do Mundo disputada na Europa”.
“Esta partida detém o recorde de mais gols marcados em uma final de Copa do Mundo (7 gols), e os 3 gols de diferença pra equipe vencedora fazem esta partida dividir o recorde de vitória com maior margem de gols em uma final de Copa do Mundo”.
“As outras finais com 3 gols de diferença foram a de 1970 e a de 1998. Curiosamente, nas 3 o Brasil estava presente”. Esta partida ainda detém os recordes de “jogador mais jovem a marcar gol em final de Copa do Mundo (Pelé - 17 anos e 249 dias)”.
Diz a Wiki que o jogador mais velho a marcar em final de Copa também é recorde desse jogo, com o sueco Liedholm fazendo seu gol quando tinha 35 anos e 263 dias. Em suma, uma partida histórica que provocou, entre outras coisas, um carnaval fora de época no Brasil.
Detalhe: a camisa 10, azul, usada pelo menino-craque Pelé nesse jogo foi doada por ele para o craque a quem substituiu na seleção, o alagoano Dida (Edvaldo Santa Rosa). Dida, por sua vez, doou a peça ao grande historiador esportivo Lauthenay Perdigão, que por sua vez, doou ao Museu dos Esportes de Alagoas e onde ficou em exposição por décadas até – lamentavelmente – ser leiloada...
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