Zé Lessa e a despedida de um grande pesquisador
Lessa (José Gama Lessa), a maior autoridade no conhecimento do forró-raiz em Alagoas, se foi. Antes da hora. Um enfarto, no domingo, 30 de julho, encerrou sua bela carreira de pesquisador e lutador pela cultura musical popular.
Desde a juventude, militou à esquerda, posicionamento ideológico que manteve durante toda sua vida, passando pelas históricas siglas do PCB e PCdoB; ao longo do tempo aprofundou sua militância cultural. Transformou-se num quadro.
Foi o melhor quadro, o mais intenso, no segmento do forró autêntico, raiz, pé-de-serra. No detalhe que não é pequeno, mergulhou nas imensidões do estilo, dos forrozeiros e forrozeiras das Alagoas. Ali foi fundo na pesquisa.
Modesto, evitou reunir suas pesquisas num livro digno desse nome e de sua extensa pesquisa. Optou por investir seu tempo na organização do povo forrozeiro, articulando artistas, ajudando nos encontros, formulando pautas reivindicatórias.
Teimoso, deixou de ajuntar de forma mais aprofundada seus vastos conhecimentos numa publicação mais encorpada, como é a boa regra das academias. Foi um militante das ruas, dos terreiros, das grotas, dos arraiais.
Em 2017, escreveu um belo artigo no Almanaque Alagoas, publicação mensal que – em uma dúzia de edições – cascavilhou datas e personagens alagoanas quando das comemorações pelo Bicentenário da Emancipação.
Naquela edição de junho do Almanaque Alagoas, Lessa derramou seu vasto conhecimento em longo artigo – intitulado “Contribuição alagoana na consolidação do forró” – sobre as principais personagens alagoanas no campo forrozeiro local e nacional.
Esse texto, longo para o padrão “jornal/revista”, é pequeno para o padrão “livro”, mas é de uma grandeza exemplar, podendo ser estendido facilmente com base nas palestras e postagens feitas por ele mesmo ao longo dos anos.
“Contribuição alagoana na consolidação do forró”, em suas cinco páginas, é pedra angular para um livro póstumo de Zé Lessa. Está feito, bom alicerce. Sobre essa base, é levantar paredes, colocar telhado. Complementar um lar para sua obra.
Quem se habilita para essa missão? Pode – e até deve – ser um grupo. Roseane, sua viúva, companheira de vida e lutas, é a primeira pessoa a ser consultada, é quem melhor coordenará essa edificação. Mãos à obra, em memória do grande Lessa!
HOJE NA HISTÓRIA
1º de agosto de 1971 – Realizado o Concerto para Bangladesh, primeiro grande show coletivo pop com finalidade solidária, em nível mundial. Organizado por George Harrison (ex-Beatles) e Ravi Shankar (citarista indiano-bengali), foi um estrondoso sucesso.
Bangladesh, país superpovoado, localizado à nordeste da Índia, passava por uma tremenda onda de fome, ampliada por uma cruenta guerra civil. A ideia do grande show para arrecadar dinheiro destinado a ajuda humanitária, foi de George Harrison, humanista adepto da espiritualidade indiana, amigo de artistas e gurus daquele país.
Ravi Shankar, o músico indiano mais conhecido no ocidente, foi o parceiro desde os primeiros momentos do projeto. Ringo Starr, Bob Dylan, Eric Clapton... foram algumas das celebridades que participaram das apoteoses.
Tanta gente foi mobilizada que o concerto precisou ter duas sessões no mesmo dia, ambas no Madison Square Garden, em Nova Yorque, reunindo um público calculado em 40 mil pagantes. O apurado, exatos US$ 243.418,51 foram doados à UNICEF, que investiu em alimentos e assistência ao povo bengali. O arrecadado, posteriormente, pelas vendas dos discos dos espetáculos, teve o mesmo destino.
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