Tecnologia é lugar de mulher?
Há quem diga que as mulheres irão dominar o mundo. Mas, será que elas ainda podem dominar a área de TI? Historicamente, as mulheres sempre foram sub-representadas no setor de tecnologia. No entanto, podemos observar uma mudança positiva, com empresas reconhecendo a importância da diversidade e implementando iniciativas para promover oportunidades justas, aplicando o princípio da imparcialidade. Este, sem dúvidas, é um sinal promissor para o futuro, onde a inclusão e a igualdade continuarão a ser prioridades na construção de equipes de TI eficazes e inovadoras.
A mudança foi significativa, mas ainda temos muito para desbravar e conquistar. Até porque, nesse mesmo contexto, de acordo com o relatório Mulheres na Tecnologia, feito pelo portal TrustRadius em março de 2021, 72% das equipes que trabalham na área contam com uma mulher para cada dois homens. Além disso, no que diz respeito à liderança, uma pesquisa realizada pelo Boston Consulting Group mostrou que apenas 9% dos cargos de CEO de empresas de tecnologia são ocupados por profissionais do gênero feminino.
Em contrapartida, ao olharmos para nossa realidade, o dado chama atenção tendo em vista que, segundo o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED), entre os anos de 2015 e 2022, o aumento da participação feminina foi de 60% no setor de tecnologia. O dado evidencia que, embora as mulheres tenham conseguido um espaço significativo na área de TI, ainda não possuem a mesma credibilidade para ocupar cargos de liderança.
Lidar com constantes desafios já faz parte da realidade de toda mulher. E, para aquelas que almejam ingressar no setor de tecnologia, eles começam desde a formação. Muitas são desacreditadas e incentivadas a buscarem outra profissão, o que faz com que, de acordo com o Mapa do Ensino Superior 2023, elaborado pela SEMESP, no Brasil, somente 16,5% das vagas dos cursos de TI sejam ocupadas por mulheres – criando um contraste com as demais áreas em que a média da participação feminina é de 60,7%.
Além disso, quando começam a buscar oportunidades no mercado de trabalho, encontram obstáculos ainda maiores, que vão desde diferenças salariais até a exposição à episódios de desconfianças em relação ao nível de comprometimento, obrigatoriedade de apresentar resultados diários, eficiência e disponibilidade para o trabalho, principalmente, se tiverem filhos – algo que é considerado, por algumas empresas, fator de eliminação para efetivar uma contratação ou promoção.
E, para mudar essa realidade que, continuamente, ainda as aflige, trabalhar o aspecto cultural e de governança nas companhias é algo essencial. Criar oportunidades que visem potencializar o crescimento dos colaboradores sem usar o gênero como fator de avaliação, mas sim as habilidades técnicas de cada um, é um aspecto fundamental para capacitar e estabelecer critérios justos de avaliações acerca do rendimento e competência para assumir um cargo de liderança.
Por sua vez, precisamos também chamar atenção que este é um trabalho de via dupla. Ou seja, para conquistar sucesso na área de TI, é essencial estar alinhado com as melhores práticas e tendências do mercado para garantir entregas de qualidade e produtividade. Até porque, há muito tempo, o segmento deixou de ser algo voltado apenas para uma função técnica e operacional, o que eleva ainda mais o engajamento para a criação de oportunidades para atração de novos talentos, inclusive, as mulheres.
Certamente, o setor de TI ainda tem um longo caminho para desmistificar o conceito de que é um segmento criado para os homens. Afinal, considerando que, de acordo com o IBGE, 51,5% da população brasileira são mulheres, cada vez mais a presença feminina nas organizações será uma realidade, o que reforça a necessidade de gerar oportunidades aplicando o ideal da igualdade e imparcialidade no ato de contratação e promoção de cargos mais altos.
Para isso, conscientizar e estabelecer a mudança de posicionamento e aculturamento empresarial são elementos-chave para transformar o cenário que temos atualmente na área de TI, fazendo com que o setor também integre o leque de opções de profissões a serem seguidas e contribua para que seja ampliado o slogan de que não só o lugar de mulher é onde ela quiser, mas o de todos que almejarem independente do gênero.
*Romênia Cavalcanti, gerente de desenvolvimento e operação da Viceri-SEIDOR.
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