A economia brasileira contada em tópicos
MODELO AGRO-EXPORTADOR (1500 – 1929)
O Brasil foi, até a primeira crise internacional de 1929, um país mono-exportador de produtos primários. A cultura do café foi praticamente a principal fonte de obtenção de divisas internacionais, e só a partir do seu cultivo foi que a agricultura brasileira passou a ser diversificada.
Nos quase 430 anos de vigência desse modelo, a máxima era que no Brasil “em se plantando, tudo dá”. A ideia era que toda riqueza brasileira seria suprida pela extração de produtos primários, o que provocou a existência de vários “ciclos” na economia brasileira. Trata-se do modelo AGRO-EXPORTADOR.
O primeiro foi o ciclo do Pau-Brasil, passando pelo da cana-de-açúcar, do ouro, da borracha, até atingir, na segunda metade do século XVII, o ciclo do café.
Foi durante o ciclo do café que o Brasil passou a montar sua infraestrutura econômica e estimular o desenvolvimento do emprego assalariado, com sua economia voltada para o mercado interno. O excedente do comércio do café permitiu a importação de bens de capital e de bens intermediários para uma futura substituição das importações.
MODELO NACIONAL-DESENVOLVIMENTISTA NO PERÍODO 1930-1964
A crise dos anos 1930 atingiu em cheio o principal produto de exportação brasileira, o café, que associado aos movimentos políticos internos, abriu-se as portas para a mudança de orientação do modelo econômico brasileiro. Começa a ganhar corpo, no Brasil, a ideia de estado produtor de bens e serviços. Dá-se início, assim, a primeira fase da implantação do modelo NACIONAL-DESENVOLVIMENTISTA, que tinha como objeto a implantação de uma indústria nacional com foco na produção nacional de bens que eram importados.
Vale destacar que a industrialização brasileira foi considerada tardia se comparada à economia dos países centrais, pois somente se iniciou quase 200 anos depois da Revolução Industrial.
Sob o aspecto histórico, esse período foi marcado por três golpes de estado. O primeiro, em 1930, que resultou a ditadura Vargas, em 1937, produzindo assim a implantação do “Estado Novo” e, consequentemente, o fim da República Velha. Por 15 anos consecutivos, Getúlio Vargas esteve no comando do poder político e econômico país. Com a destituição de Vargas, em 1945, dá-se início a “Terceira República”. Por fim, em 1964, veio então o terceiro golpe e a implantação da Ditadura Militar, que se estendeu até a primeira metade dos anos 1980.
Nesse período, parte dos grandes grupos agroexportadores decidem investir em indústrias voltadas a bens de consumo interno.
O governo federal passou oferecer fundos públicos para financiar a industrialização, bem como utilizar as receitas obtidas das exportações do café para fomentar o desenvolvimento das atividades, tanto para o setor agroexportador, como também para o setor urbano - comerciais, financeiras e transporte - e de bens de consumo. Estava decretada no Brasil a luta entre uma burguesia industrial emergente e a oligarquia agrária declinante e dividida.
De fato, com a tomada de poder de Getúlio Vargas nos anos 1930, fez-se emergir no país uma onda de sentimento desenvolvimentista. Foi introjetado no também a ideia de que, para que a economia brasileira possa se desenvolver, era necessário a existência de um setor público forte e intervencionista.
Iniciou, com isso, um período populista baseado voluntarismo econômico nacional. Por fim, convém destacar que com o golpe de estado, em 1964, os militares mantiveram o modelo de industrialização, desta feita, com forte proteção da indústria nacional.
Será que o contexto econômico vivido pelo Brasil nesse período está se reproduzindo na atualidade?
Esse assunto será tratado nos próximos episódios.
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