A “polêmica” distribuição de renda no Brasil no período do ‘MILAGRE BRASILEIRO’: 1968-1973
Uma das principais controvérsias do período do milagre se refere à questão da distribuição de renda no país. Apesar de a economia brasileira ter apresentado crescimento médio de 10,9% a.a. e a produção industrial ter registrado aumento de 12,2% a.a., assistimos, nesse período, um forte agravamento das desigualdades sociais. O Brasil conhece um elevado crescimento do produto interno bruto, todavia viveu um período de empobrecimento elevada caracterizada pelo aumento da taxa de mortalidade infantil e um recrudescimento da desigualdade da distribuição de renda.
AS EVIDÊNCIAS
Conforme se vê na tabela abaixo, os salários foram bastante influenciados pelas políticas econômicas adotadas pela reforma econômica de 1967, aprofundando o “fosso” social:
A figura abaixo ajuda a mostrar a ampliação do desvio na distribuição de renda durante o “milagre”. Pode-se perceber que, entre 1970 e 1972, por exemplo, a renda dos 50% da população mais pobre do Brasil diminuiu cerca de 30%, enquanto o rendimento dos mais ricos cresceu próximo de 25%.
AS EXPLICAÇÕES PARA O FENÔMENO
Duas escolas econômicas concorreram para explicar o aparecimento do aumento da desigualdade de renda nesse período: os “neoclássicos” e os “estruturalistas”.
Os neoclássicos, liderados pelo economista e ex-presidente do Banco Central, Carlos Langoni, se basearam na teoria do capital humano para explicar esse fenômeno. Os “estruturalistas, como os economistas Edmar Bacha, Albert Fishlow e Pedro Malan, pais do plano Cruzado, identificaram as políticas de ajustes estruturais, a origem do aumento da desigualdade brasileira, nesse período.
Langoni, baseou-se em fatores como idade e nível de escolaridade da mão-de-obra e, também, do aumento da inserção da mulher no mercado de trabalho, para explicar o aparecimento da desigualdade no país. Segundo ele, nesse período, a massa salarial, no Brasil, teve uma importante mudança de perfil: a proporção de trabalhadores analfabetos teve uma sensível diminuição, enquanto a participação dos trabalhadores qualificados teve um crescimento importante. Para ele, esse agravamento da desigualdade no Brasil era “temporária” e provocada pelo aumento desenfreado da demanda da mão-de-obra qualificada.
Os estruturalistas, por sua vez, criticaram fortemente a tese da existência de desequilíbrio dos neoclássicos. Utilizando os números da economia apresentados no período, os estruturalistas mostraram que, para que as teses de Langoni fossem verificadas, o PIB per capita deveria dobrar, o que não se verificou. A origem da desigualdade brasileira, para eles, estava na adoção das políticas de “substituição das importações” implantadas no governo militar.
No seu ponto de vista? Como se deu a desigualdade nesse período?
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