Cultura
Ódio e virulência nas redes sociais
Parei completamente de postar assuntos polêmicos como política partidária, educação doméstica e religião nas redes sociais não-profissionais. Tempos atrás, cheguei a escrever e publicar um artigo sobre esse tema, com o título de “Fanatismo e Dialética: O País Rifado nas Redes Sociais”. Foi uma vã tentativa de chamar a atenção das pessoas para o perigo da polarização extremada que floresceu e vem grassando no Brasil há cerca de 20 anos, notadamente a partir do início dos anos 2000.
Cheguei tardiamente à conclusão que muitas pessoas realmente perderam a noção das coisas, deletaram o senso da realidade e rasgaram o filtro do pensamento crítico. A enxurrada de opiniões de gente despreparada que se acha capacitada para opinar sobre temas complexos, a quantidade de narcisistas patológicos que insistem em diariamente exibir suas ridículas imagens, o crescente número de propagadores de "fakenews" e de postagens de ódio e os milhões de adeptos dos "influencers"-de-coisa-nenhuma, inundaram as redes com um barulho tão ensurdecedor quanto viciante; é uma armadilha eficaz para as mentes mais fracas e sugestionáveis.
Hoje vejo com espanto e tristeza pessoas bem formadas, adultos experientes, comentando e postando asneiras incompatíveis com suas histórias pessoais, atitudes desconexas com a maturidade que deles se espera; são "social-haters" (odiadores sociais) que deliram de prazer em vomitar suas frustrações e recalques pessoais em cima de grupos de oposição às suas convicções, em cima de pessoas públicas privadas ou governamentais, elegendo-os assim como seus pretensos algozes de vida e responsáveis pela depressão que lhes assenhora pelo vício da exposição exagerada nessas redes.
É um poço sem fundo, é um caminho sem rumo, é um pesadelo sem fim: insônia, iconoclastia, ansiedade, desnorteamento, regressão intelectual e alienação.
Por que não usar as redes sociais para divulgar coisas positivas que ajudem a transformar nosso mundo num lugar melhor para se viver? Por que não apresentar uma análise conjuntural abalizada, uma tecnologia disruptiva socialmente útil, um cenário econômico fidedigno, a beleza de uma fotografia bem tirada, um texto interessante para se aprender algo novo, uma receita culinária apetitosa, uma música bonita, um poema inspirador, uma conquista recente, um bom roteiro de viagem, um novo amigo, uma nova parceria empresarial, um amigo antigo que a gente reencontrou? Por que não valorizar um recanto de sossego e descanso, um bom hotel, um restaurante de relevo, a sua nova diplomação, a formatura da sua filha, a felicidade dos seus pais que ainda vivem ou a saudade dos que já não estão mais entre nós, um livro incrível, um filme imperdível, um novo amor ou um amor eterno que celebra mais um ano de felicidade?
Será que a vida dessas pessoas é assim tão miseravelmente desgraçada que elas não tenham algo de bom ou agradável para mostrar? Será que tudo que essas pessoas sabem é destilar ódio e cuspir veneno dentro desse ambiente que são as nossas redes sociais?
Eu não concordo em enlamear um lugar que eu frequento. Eu resisto à onda de negativismo e vou na contramão de quem aposta no pior querendo tocar fogo no circo. O que aconteceria se mais pessoas fizessem isso também, se a maioria aderisse à prática do uso saudável das redes sociais?
Eu me recuso a embarcar nessa onda nefasta de denegrir o mundo, de propagar a morbidez e a perversão, de xingar quem pensa diferente ou de quem votou diferente de mim; recuso-me a transformar o meu espaço de rede social num palco de virulência, de propagação do ódio, de imbecilização das mentes ou de agressões tão gratuitas quanto inúteis.
Ninguém muda ninguém, muito menos alguém muda de opinião por conta de uma postagem na rede social. Isso é puro desperdício de energia vital, de desgaste da sua paz e de perda do seu precioso tempo. A maioria que publica e rebate essas mensagens virulentas é de gente igualmente perturbada que não lê, gente que não busca fontes confiáveis de informação, não tem conteúdo, são pessoas que se comprazem em chafurdar nos seus casulos ideológicos apodrecidos.
Além do mais, como disse William Sanches, “Abelhas não perdem tempo explicando para as moscas que mel é melhor que merda.”
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