Cultura
Conheça o trabalho do escritor alagoano Gabriel Bernardo
Ele é autor de ‘Codinome’, lançado pelo Amazon Kindle
Aos 10 anos, inspirado por colunas de revistas para crianças e quadrinhos, Gabriel Bernardo começou a fazer anotações descrevendo sentimentos e outras histórias de sua vida. Aos 12, começou a se interessar por crônicas e decidiu tentar contar algumas histórias de personagens inventados nas últimas páginas de caderno, escrevendo também em notas do celular.
No ensino médio, as leituras infanto-juvenis foram deixadas de lado e a poesia foi tomando conta, tanto das leituras, como das escritas. "Não foi uma escolha minha, ela chegou até mim e tomou o controle dos textos que fui escrevendo. Quando descobri de fato o que eram poemas, poesia, rimas, métricas, já tinha escrito muitos textos que hoje consigo enxergar uma manifestação poética presente neles. Enquanto escrevia, cada vez mais me aprofundei em ler poesia, lendo autores como Lêdo Ivo, Graciliano Ramos, Bukowski e Sylvia Plath”, conta.
Gabriel Bernardo estuda Publicidade e Propaganda
Anos depois, já com 21, Gabriel Bernardo lançou seu primeiro livro de poemas. “Codinome” foi lançado digitalmente pela Amazon Kindle, e é assinado por Augusto Flores, um dos pseudônimos usados por ele como uma maneira poética. Segundo o autor, todos pseudônimos que usou até hoje tem seu próprio jeito de escrever, tem uma vida inteira de histórias e carregam crenças, culturas e revoltas.
“Codinome foi nascendo no processo da minha adolescência, então ele tem um pouco de tudo já que quando jovem nós temos uma tendência natural a buscar identificação nas coisas ao nosso redor, mas principalmente escrevia inspirado por Graciliano Ramos e Bukowski. O livro carrega muitos elementos diferentes quando se trata de individualidade, digo isso por entender que no momento em que estava escrevendo as poesias presentes no livro estava começando a formar minha personalidade, enxergo isso muito claramente no decorrer do livro. O processo de construção, mudança, identificação, todas as fases intensas do nosso crescimento, sentimos muito quando jovens e por muitas vezes não falamos tudo que gostaríamos de falar nessa época”, explica.
E todo o sentimento que culminou com o lançamento, aflorou em um momento difícil: a pandemia da Covid-19. O escritor conta que o medo instaurado na cabeça durante a quarentena aflorou paranoias sobre como tudo estava caminhando para um momento trágico e sem esperança. Apesar das dores, ele continuou escrevendo, pois aliviava as feridas na alma e a poesia deu espaço para criar a esperança novamente. Foi aí que ele percebeu que o lançamento do livro não poderia mais aguardar.
Relação com os leitores
Aproveitando o lançamento digital no Kindle, o autor passou a usar o Tinyletter como forma de entregar um conteúdo personalizado aos leitores. “Senti que criei um laço com todos os meus queridos confidentes que gostam das poesias que escrevo. Quando estou escrevendo as cartas para o e-mail tenho maior intimidade para falar sobre minha vida pessoal, e também ouvir dos meus leitores aquilo que eles pensam sobre minha poesia ou sobre suas vidas, isso é importante para mim. Compartilhar com os meus leitores se tornou uma atividade muito única, ainda mais nessa pandemia onde nunca nos sentimos tão sozinhos, acho que todo mundo deveria experimentar conversar dessa forma, seja para compartilhar com muitas pessoas ou para aquela pessoa especial com quem se quer manter um contato mais íntimo”, revela.
Veia artística
O lado artístico de Gabriel Bernardo não ficou restrito apenas às poesias. O jovem é estudante do curso de Publicidade e Propaganda da UNIT/AL, e segundo ele, o curso ajudou a validar os sentimentos como artista, além de trazer outra visão de comunicação, sua importância e a participação que ela tem na vida dos cidadãos.
“O meu medo sempre foi não conseguir alinhar minha vida profissional e artística, e isso gera frustração. Porém, hoje sinto que há espaço para minha escrita como poeta na publicidade, apesar da diferença em seu propósito. Agora, faz mais sentido buscar caminhos alternativos para comunicar e para além da própria poesia”, finaliza.
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