Cultura
Mais de 200 crianças participaram das oficinas de música brasileira em Portugal
Festival de Música de Penedo abre caminhos para futuros eventos na Europa
O mês de maio de 2023 ficará na memória dos que participaram do Festival de Música de Penedo em Portugal, principalmente os maestros e professores Jair Mendes, João Paulo Cruz, Douglas Rocha e Cláudio Vieira Júnior e as mais de 200 crianças de Castro Daire e região, inscritas no evento. Elas participaram de oficinas didáticas da música brasileira e descobriram ritmos novos, como o frevo e a batida forte da nossa percussão.
O palco das aulas foi o Centro Municipal de Cultura de Castro Daire, que reuniu músicos, professores, maestros, pesquisadores brasileiros e portugueses e muitas crianças e adolescentes. Claro que a união de educação e música só poderia resultar num grande encontro e várias apresentações. “Essa experiência do Festival de Música de Penedo aqui em Portugal foi muito positiva e incrível para mim e todos os alunos. Foi possível trazer uma orquestra de Mirandela, de Trás os Montes, Distrito de Bragança, uma orquestra de Murça, da zona de Vila Real, a Orquestra Hope, de Castro Daire, e também fizemos o encerramento com o concerto da Banda de Música dos Bombeiros Voluntários de Castro Daire, que teve a participação dos músicos brasileiros que ministraram as oficinas: João Paulo Cruz, Douglas Rocha e Cláudio Júnior”, disse o maestro Pedro Serrano, coordenador do evento em Portugal.
O maestro Serrano espera que a experiência possa se repetir com um período de tempo ampliado. “Toda gente ficou admirada com a dinâmica e com o conceito em si do evento, e esperamos repetir, com mais período temporal. Portanto, estas atividades resultaram numa grande motivação e alegria para os alunos participantes. Ao final, com a apresentação das oficinas todos estavam contentes e animados com as suas apresentações e com os concertos que fizeram para todos que estavam a assistir”, assegurou.
Ele afirma que o feedback foi muito positivo em relação às crianças, principalmente. “Nós portugueses temos uma grande dificuldade de sentir o ritmo brasileito, sobretudo porque estamos mais acostumados com um ritmo mais quadrado, muito mais no tempo 1, enquanto que no Brasil é ao contrário. Então esta diferença faz com que nós nos sintamos mais desafiados a ultrapassar esse exercício. E os alunos sentiram isso mesmo”, completou Serrano.
As oficinas realizadas seguiram o mesmo padrão das que são realizadas em qualquer país. “O diferencial nas que promovemos é a música brasileira. A ideia foi fazer com que os alunos portugueses conhecessem e experimentassem mais a música brasileira. Ao mesmo tempo, esperamos que os portugueses que tocam instrumentos de metais, madeiras e em filarmônicas possam ir ao Brasil para levar sua música para que os brasileiros também possam experimentar um pouco da música portuguesa e tradicional de Castro Daire”, descreveu Marcos Moreira, coordenador-geral do Femupe.
Algumas alunas das oficinas destacam a importância da experiência vivenciada no festival. É o caso de Matilde Maria, de 10 anos, que estuda e toca tambor e participou da oficina de percussão. Disse ter gostado da experiência e que vai continuar estudando a música brasileira.
O professor Jair Mendes, instrutor da oficina que Matilde participou, falou da satisfação de ter sido convidado para compor a equipe de instrutores das ações em Castro Daire. Ele é brasileiro, mas mora na França há alguns anos e se firmou como professor de percussão. “Foi uma grande experiência e ter sido convidado para participar do festival em Castro Daire foi muito importante, porque consegui fazer um trabalho diferente e as crianças estavam bem motivadas a aprender um pouco da nossa cultura e da música brasileira. Elas interagiram bastante e ficaram entusiasmadas com o trabalho. No início, acharam bem diferente do que estavam acostumadas a estudar e a tocar, mas no final tudo deu certo”, disse Mendes, do grupo Thimbodé, de Bordeaux-França.
O professor João Paulo Cruz, que integrou a comitiva do Femupe em Portugal, falou da experiência vivenciada durante as oficinas em Castro Daire. “Incrível essa viagem e esse intercâmbio entre Penedo e Portugal. Uma experiência incrível que foi levar a música brasileira e ver o resultado tão proveitoso e a receptividade dos alunos. É impressionante como eles amam a música brasileira. Foi incrível! Os alunos da oficina de metais já conheciam a música brasileira e demonstraram muita afinidade, então, não foi difícil. Dava para ver no olhar deles a vontade e a curiosidade de conhecer outros ritmos, como baião, frevo, maracatu, samba de coco e muitos outros. Posso dizer que foi muito proveitoso dividir essa experiência com os alunos e alunas de Castro Daire”, revelou.
Maestro e professor de música em Penedo, Douglas Rocha destacou a riqueza que foi a troca de conhecimento, fraternidade e experiência. Fomos muito bem acolhidos e as crianças nos prestigiaram com a participação delas nas oficinas de música brasileira, com vários instrumentos de metais e cordas, como o bombardino, violas, com padrão mais sinfônico, e flautas transversais. Não só os alunos e alunas, mas a própria plateia conseguiram fazer o ritmo junto com a gente. Foi uma interação muito legal, uma energia muito bacana e uma experiência que a gente vai levar para o resto das nossas vidas”, declarou.
O maestro Cláudio Vieira Júnior ministrou a oficina de música brasileira, com o tema frevo e o instrumento saxofone. Ele falou sobre a experiência do primeiro contato com as crianças e adolescentes portugueses. “De início, eles se assustaram um pouco com a velocidade do frevo, mas o que posso dizer é que depois eles abraçaram, se dedicaram e se interessaram em conhecer os nossos grandes artistas do frevo. E, agora, querem tocar frevo; e tocaram frevo. Foi uma coisa única! Nunca pensei que eu sairia de Penedo-Alagoas para Portugal para poder ensinar a nossa cultura, uma de nossas músicas, que é o frevo”, constatou.
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