Economia
Economia brasileira cresce 1% no primeiro trimestre e 1,7% em um ano.
Resultado do 1º trimestre ficou abaixo da expectativa de especialistas, que projetavam avanço de 1,2% sobre os 3 meses anteriores
O PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro registrou alta pelo segundo trimestre consecutivo, puxado principalmente pela alta no setor de serviços. Segundo dados divulgados nesta quinta-feira (2) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), o crescimento foi de 1% em relação ao quarto trimestre de 2021.
Já em comparação ao primeiro trimestre de 2021, a alta foi de 1,7%. O resultado, porém, ficou abaixo da expectativa de especialistas. De acordo com a Reuters, era esperado um avanço de 1,2% sobre os meses anteriores.
Com a alta de 1%, o PIB agora está 1,6% acima do patamar do quatro trimestre de 2019, ainda antes da pandemia, e 1,7% abaixo do registrado no primeiro trimestre de 2014, o ponto mais alto da atividade econômica do país. O IBGE ainda revisou o resultado do quarto trimestre de 2021, que passou de 0,5% para 0,7%.
O dado do terceiro trimestre também melhorou, passando a um leve crescimento de 0,1%, contra recuo de 0,1% divulgado previamente. Apesar das atualizações, o IBGE manteve o cálculo de que o PIB brasileiro cresceu 4,6% no ano passado.
Serviços puxam alta De acordo com o IBGE, o crescimento registrado no primeiro trimestre foi puxado pela alta de 1% nos serviços, que representam 70% do PIB do país. Dentro deste setor, o maior aumento foi o da categoria "outros serviços" (2,2%), que incluem muitas atividades dos serviços prestados às famílias, como alojamento e alimentação.
"Muitas dessas atividades ['outros serviços'] são presenciais e tiveram demanda reprimida durante a pandemia", disse Rebeca Palis coordenadora de Contas Nacionais do IBGE.
Ainda no setor de serviços, também houve crescimento de 2,1% na categoria "transporte, armazenagem e correio", impulsionada pelo aumento do transporte de cargas e de passageiros, "principalmente pelo aumento das viagens aéreas, outra demanda represada na pandemia", completa a pesquisadora do IBGE.
Consumo também sobe
O consumo das famílias cresceu 0,7% no primeiro trimestre, enquanto o do governo ficou estável (0,1%). No primeiro caso, "a demanda também está relacionada aos serviços que são principalmente feitos de forma presencial, como as atividades ligadas a viagens", explica Rebeca Palis.
O investimento na economia brasileira, em contrapartida, diminuiu 3,5% em comparação com o último trimestre de 2021. Com isso, passou a representar o equivalente a 18,7% do PIB, abaixo dos 19,2% registrados em dezembro.
Com o resultado, o volume de investimentos na economia em relação ao tamanho do PIB piorou na comparação com a média verificada na América Latina e em países emergentes. É um sinal de que o Brasil precisa melhorar urgentemente esse indicador para voltar a acelerar o desenvolvimento econômico, segundo economistas ouvidos pelo UOL.
"O nível de investimentos no Brasil está muito aquém do necessário para viabilizar a sustentação do crescimento. Nosso nível é bem baixo para padrões internacionais. Não há como nos blindarmos totalmente dos fatores adversos advindos da economia internacional, mas podemos elaborar estratégias que nos tornem menos vulneráveis a elas", diz Antonio Corrêa de Lacerda, coordenador da pós-graduação em Economia Política da PUC-SP e presidente do Conselho Federal de Economia.
Com seca, agropecuária cai
A agropecuária recuou 0,9% no mesmo período, impactada principalmente pela estiagem na região Sul. A seca "causou a diminuição na estimativa da produção de soja, a maior cultura da lavoura brasileira", destacou Rebeca Palis, do IBGE.
Em comparação com o primeiro trimestre de 2021, a queda é ainda maior, de 8%. O resultado, de acordo com o IBGE, pode ser explicado pela diminuição na estimativa da produção de algumas culturas cujas safras são importantes neste período do ano, como a soja e o arroz.
Governo celebra
Em nota, a Secretaria de Política Econômica (SPE) do Ministério da Economia exaltou os resultados do PIB no primeiro trimestre, dizendo que o Brasil tem retomado a atividade "de forma consistente".
"As projeções de mercado têm sido sistematicamente revisadas para cima. Assim foi com o resultado do PIB de 2020 e 2021 e está se repetindo nos resultados de 2022. (...) A economia brasileira caminha para superar o impacto de duas crises: os efeitos da pandemia de covid e as consequências da recessão de 2014-16", afirmou.
Mesmo assim, a pasta citou como fatores de alerta "que inspiram atenção" as incertezas geradas pela guerra entre Rússia e Ucrânia, que chegou hoje ao 99º dia, e os efeitos remanescentes da pandemia, especialmente no que diz respeito às cadeias de suprimentos, ao aumento da inflação e a eventuais ajustes das condições financeiras.
"No entanto, a melhor forma de combater as incertezas é prosseguir com o processo de consolidação fiscal e a aprovação de reformas pró-mercado para aumento da produtividade", acrescentou. O governo estima que o PIB brasileiro deva crescer 1,5% neste ano, segundo o último boletim da SPE. O PIB representa o desempenho da economia de um país durante determinado período. Medido pelo IBGE, ele é divulgado a cada três meses.
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