Economia

Setor Imobiliário

Debandada dos investidores na poupança causa Impactos econômicos

Saques persistentes na poupança geram reflexos no Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo, afetando o mercado imobiliário e impulsionando mudanças nas opções de financiamento.

Por Redação com Agência Brasil 15/02/2024 16h04
Debandada dos investidores na poupança causa Impactos econômicos
Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

A retirada constante de recursos da tradicional caderneta de poupança, a aplicação financeira mais tradicional do país, está causando repercussões significativas em setores cruciais da economia. O Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE), que historicamente tem sido uma fonte essencial de financiamento para imóveis de classe média com juros limitados, enfrenta os impactos da redução persistente de recursos da poupança.

Apenas em janeiro, os investidores retiraram R$ 20,1 bilhões a mais do que depositaram na poupança. Essa tendência, persistente nos últimos três anos, resultou em perdas significativas para a aplicação, totalizando R$ 87,8 bilhões em 2023, R$ 103,2 bilhões em 2022 e R$ 35,4 bilhões em 2021.

O advogado especializado em direito imobiliário, Marcelo Tapai, destaca que essa mudança reflete uma transformação estrutural no mercado imobiliário, impulsionada pela perda de interesse dos investidores na poupança. Ele ressalta que o baixo rendimento da poupança e a ampliação das opções no mercado financeiro estão motivando a saída de investidores.

Segundo Tapai, essa diminuição dos recursos na poupança é irreversível, impulsionada pela simplicidade do mercado financeiro atual, que oferece opções de investimento mais atraentes e com maior potencial de retorno. Ele destaca que a poupança, cada vez mais, é vista como um investimento prejudicial.

Com menos recursos na poupança, os bancos destinam menos dinheiro para empréstimos no SBPE. A Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) informa que o número de lançamentos de unidades imobiliárias pelo SBPE caiu entre 20% e 30% no ano passado.

As opções para os mutuários de classe média incluem financiamentos com o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) e o Sistema de Financiamento Imobiliário (SFI). Ambas têm características específicas, como exigências adicionais para o FGTS e taxas de mercado mais altas para o SFI.

Tapai destaca uma mudança na composição dos fundos para financiamento imobiliário, com um crescimento dos títulos privados, como letras de crédito imobiliário (LCI) e certificados de recebíveis imobiliários (CRI). Essa alteração eleva o custo do crédito para a compra de imóveis, impactando aqueles fora do Sistema Financeiro da Habitação (SFH), onde não há limitação de taxa de juros e os prazos são menores.

Apesar dos desafios no SBPE, a Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip) projeta um crescimento de 3% no crédito imobiliário em 2024, sustentado pelos financiamentos do FGTS. A CBIC estima um aumento de 15% nos empreendimentos imobiliários com recursos do FGTS e do Minha Casa, Minha Vida em 2024, enquanto o mercado imobiliário total deve lançar aproximadamente 320 mil unidades neste ano.

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