Gastronomia
Cinco dicas para realizar uma degustação de vinhos em casa
Sommelière da Wine compartilha ideias para degustações e como avaliar a bebida
Você saberia dizer qual a diferença entre beber e degustar um vinho? Conforme Thamirys Schneider, sommelière da Wine, o maior clube de assinatura de vinhos do mundo, beber vinho equivale a consumir a bebida de maneira casual, focando no prazer imediato. Já degustar vinho envolve uma imersão maior, direcionando o foco para a apreciação dos detalhes sensoriais do vinho, podendo levar em conta metodologias de análise.
As etapas de degustação
"Degustar vinho é uma experiência que vai além de simplesmente beber. Envolve uma análise minuciosa através dos sentidos. As etapas da degustação incluem análise visual, olfativa e gustativa", diz Schneider.
Conheça a seguir cada uma das etapas de degustação de vinhos:
Observação visual
Para organizar a experiência, Schneider recomenda servir cerca de ¼ da taça para manter a temperatura ideal e perceber melhor a cor e os aromas. A medida é considerada adequada para manter a temperatura ideal de consumo por mais tempo e destacar melhor a cor e intensidade do vinho, além de liberar melhor os aromas. Escolher um espaço com boa iluminação, de preferência com luz branca, e uma mesa com pano branco, por exemplo, pode auxiliar a observar a coloração dos vinhos. “É interessante se atentar para que a temperatura do ambiente esteja de acordo com o vinho degustado”, acrescenta a especialista. Na etapa da análise visual, a ideia é inclinar a taça sobre um fundo branco para observar a cor e possíveis sedimentos do vinho avaliado. Às vezes, pela própria cor, já é possível especular sobre as uvas que o compõem, além de ser possível dizer se o vinho tem envelhecimento em garrafa.
De acordo com a sommelière, o envelhecimento em garrafa altera a cor do vinho, tanto para tintos quanto para brancos. Os tintos jovens normalmente têm tons púrpura e rubi, evoluindo para tonalidades mais granadas com a idade, podendo até assumir tons mais claros e marrons e um pouco alaranjados. O brilho é essencial para indicar a qualidade do vinho, enquanto a opacidade pode sugerir declínio. Vinhos brancos jovens tendem a ser mais claros, passando para tons dourados ou âmbar com o tempo, enquanto os tintos tendem a clarear. O brilho é um sinal de conservação adequada, e a evolução da cor indica o envelhecimento do vinho.
Análise olfativa
Na segunda etapa, leva-se a taça ao nariz para identificar os aromas, relacionando-os com a memória olfativa. Há vinhos que exalam aromas expressivos de longe. Nesta fase, é interessante resgatar a memória olfativa e relacionar ao que se sente, dando nome aos aromas. É muito comum as pessoas dizerem que não sentem nada, ou que não conseguem identificar os aromas. “O caminho é simples: treinar o olfato, prestar atenção em cada cheiro presente no dia a dia, seja nos alimentos e em seus preparos, nas flores e plantas e no cheiro de terra molhada. Outra dica importante é evitar usar perfumes, cremes ou outros cosméticos para não interferir na etapa olfativa da degustação”, diz Schneider.
Análise gustativa
Na fase gustativa, é preciso permitir que o vinho percorra o paladar lentamente e prestar atenção em sua complexidade e evolução. “Uma boa dica é ‘avinhar’ a boca, ou seja, permitir que o primeiro gole sirva para preparar o paladar. Assim, no segundo gole, você já recebe melhor o vinho e presta mais atenção no que está degustando”, diz Schneider. Uma vez compreendida a importância de cada etapa da degustação, é preciso escolher uma proposta para realizá-la.
Os segredos de degustação
Há duas formas de degustação que são mais populares. Uma possibilidade é a degustação vertical, na qual são experimentadas diferentes safras do mesmo vinho para avaliar como ele evolui ao longo do tempo e sob diferentes condições climáticas. O foco está na análise do terroir e nas interferências das condições naturais ano após ano, além disso, você também consegue perceber como o vinho envelhece ao longo do tempo. Outra proposta é a degustação horizontal, quando são selecionados vinhos de uma mesma safra, mas de regiões ou países diferentes, para comparar características varietais e terroirs. É comum a escolha de uma uva para ser a estrela da degustação, mas, de todo modo, é preciso que seja de países diferentes, independente se são da mesma safra ou não. Por exemplo, se a uva escolhida for Cabernet Sauvignon, cada exemplar degustado desta casta deve vir ou de países diferentes ou de regiões distintas de um mesmo país.
Degustação às cegas
Para esta proposta, é importante que uma pessoa fique encarregada de escolher os vinhos para a degustação e surpreender quem os for degustar. Essa mesma pessoa deverá esconder os rótulos, seja colando um papel laminado, ou dentro de uma bolsa/sacola para vinhos, enrolando em um papel mais firme. O importante é que o rótulo não fique à mostra. As taças serão servidas sem que se possa dizer qual é o vinho, sem ser impactado pelo rótulo e contrarrótulo. O mais interessante para esta proposta é deixar a sua imaginação fluir ao tentar adivinhar a uva, país, se tem ou não passagem por barrica, se é varietal (uma só uva) ou blend (mais de uma uva). É uma experiência também instigante, pois convida os degustadores para uma atividade nada convencional que os conecta ainda mais com o líquido degustado.
Além das degustações em casa, há uma série de eventos de degustação e aprendizagens que vêm se tornando populares no Brasil. Nas lojas físicas da Wine, por exemplo, há opções para agendar Wine Games e contar com o suporte de uma equipe de consultores preparadíssimos para guiar a degustação. Procure espaços interativos na sua cidade e surpreenda-se. Participar de degustações, sem dúvida, é um bom caminho para se apaixonar ainda mais pelo mundo dos vinhos e aprender, inclusive, sobre como harmonizá-los.
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