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Disputa Judicial

Estudante luta por matrícula na USP após avaliação de heteroidentificação

Decisão da Justiça determina restabelecimento da matrícula de candidato rejeitado por critérios questionáveis.

Por Redação com Agência Brasil 05/03/2024 15h03
Estudante luta por matrícula na USP após avaliação de heteroidentificação
Foto: George Campos / Jornal da USP

Na manhã desta terça-feira (05), a Universidade de São Paulo (USP) se viu envolvida em uma controvérsia judicial após um estudante, Glauco Dalalio do Livramento, de 17 anos, perder sua matrícula na Faculdade de Direito. A aprovação em primeira chamada pelo Provão Paulista foi desconsiderada pela Comissão de Heteroidentificação da instituição, alegando que o candidato não se enquadrava no critério racial.

O juiz Radolfo Ferraz de Campos, da 14ª Vara da Fazenda Pública de São Paulo, concedeu uma liminar determinando o restabelecimento da matrícula em até 72 horas. O magistrado considerou que a avaliação feita pela comissão "ofendeu a isonomia", ao utilizar métodos de fotografia e videochamada pela internet.

"Não se pode mesmo olvidar que o autor é simplesmente filho de pessoa de raça negra, e eventualmente imagens que ora o favoreçam, ora não, na conclusão de pertencimento à raça negra, seja preta ou parda, não parece aqui ser um critério razoável", destacou o juiz em seu despacho.

A decisão levanta questões sobre a consistência e a igualdade de critérios na avaliação de heteroidentificação realizada pela USP. A defesa de Glauco alega que os candidatos oriundos de diferentes vestibulares passam por processos distintos, com egressos do vestibular próprio sendo avaliados de forma presencial.

A reitoria da universidade está analisando a possibilidade de modificar o sistema de avaliação de cotistas, estendendo o modelo presencial a todos os candidatos. A USP afirma que cumprirá as ordens judiciais e apresentará as informações que embasaram o procedimento de heteroidentificação em juízo.

Este não é um caso isolado, já que Alison dos Santos Rodrigues, também aprovado pelo Provão Paulista no curso de medicina, teve sua matrícula cancelada pela Comissão de Heteroidentificação. A Justiça determinou um prazo de cinco dias para a USP explicar as razões da rejeição, sob pena de multa diária em caso de descumprimento.

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